As políticas afirmativas vêm sendo alvo de discussões sob diferentes enfoques e perspectivas no contexto atual. Nesse sentido, este trabalho buscou analisar a política de cotas de uma Instituição de Ensino Superior pública estadual paranaense quanto à democratização do acesso e permanência no ensino superior na perspectiva de seus implementadores. Para tanto, as discussões estão apoiadas nas contribuições de Bourdieu (2010a; 2010b) sobre a teoria da violência simbólica e a reprodução das desigualdades dentro do sistema social e educacional. Foram ainda tratados os conceitos de democracia, igualdade e justiça social como elementos fundamentais para o estudo da política de cotas, com base nos estudos de Bobbio (2000), Bobbio, Matteucci e Pasquino (2008) e Crahay (2002). A pesquisa foi qualitativa e o instrumento escolhido para a coleta dos dados foi a entrevista semiestruturada. Para análise dos depoimentos foi utilizada a metodologia do Discurso do Sujeito Coletivo, de Lefèvre e Lefèvre (2005a; 2005b). À luz do referencial teórico e dos discursos coletivos oriundos dos depoimentos dos entrevistados percebeu-se que embora a tentativa de reprodução das desigualdades seja percebida e confirmada dentro da instituição, há a existência do movimento de superação das desigualdades sociais e educacionais pelo viés da educação, como afirma Cury (1995; 2002). Os resultados da pesquisa permitem afirmar que a política de cotas da IES possibilita a democratização do acesso para uma parcela de estudantes antes excluídos do ensino superior. Nesse sentido, defende-se que trabalhos como este confirmam a importância do acompanhamento da implementação de políticas públicas como instrumento necessário para o exercício da democracia.