Para os juristas, relacionar o Direito com a Literatura é importante. A conjunção destes dois elementos possibilita corroer a dogmática jurídica, dessacralizar e restituir o direito à sua própria medida e à medida da ética. Aquilo que, na verdade, a literatura ensina acerca da estrutura abstratamente codificada do direito é a inexistência de leis gerais na experiência vivida. Disso resulta que as condenações, assim como as absolvições, sejam inevitavelmente imperfeitas: somos todos, de algum modo, culpados, mas também, segundo outra perspectiva, somos todos inocentes. E se os decretos de culpabilidade absoluta mostram-se inadequados nas obras de Proust, Musil e Hofmannsthal, o mesmo ocorre no universo de Kafka e de Zola. A esta primeira desconstrução do direito se acrescenta uma segunda, ainda mais radical, relativa não mais aos seus limites, mas à própria essência do direito. O sistema normativo não consegue classificar em suas categorias uma realidade humana que escapa à ordem preestabelecida, como também faz fronteira com a violência criminal, embora ambiguamente se situe no pólo contrário a ela. Nesse sentido, a intersecção entre direito e literatura ensina que as situações individuais são sempre colocadas naquele caleidoscópio social, cultural, histórico, econômico, que condiciona os nossos atos não menos do que a nossa vontade.
Per i giuristi, mettere in relazione diritto e letteratura è importante. La congiunzione dei due elementi permette di corrodere la dogmatica giuridica, desacralizzare e restituire il diritto alla propria misura e alla misura dell’etica. Ciò che, infatti, la letteratura insegna, rispetto all’assetto astrattamente codificato del diritto, è l’inesistenza di leggi generali nell’esperienza vissuta. Ne consegue che le condanne, come le assoluzioni, sono inevitabilmente imperfette: siamo tutti in qualche modo colpevoli, ma anche, secondo diverso angolo di lettura, tutti innocenti. E se i decreti di colpevolezza assoluta appaiono inadeguati nelle opere di Proust, Musil e Hofmannsthal, non diversa è la situazione che si respira nell’universo di Kafka e di Zola. A questa prima decostruzione del diritto se ne aggiunge una seconda, ancor più radicale, relativa non più ai suoi limiti, ma alla stessa essenza del diritto. Non solo il sistema normativo non riesce ad incasellare nelle proprie griglie una realtà umana sfuggente ad un ordine prefissato, ma, tutt’altro che situarsi al polo opposto della violenza criminale, confina ambiguamente con essa. In questo senso, l’intersezione fra diritto e letteratura insegna che le situazioni individuali vanno sempre calate in quel caleidoscopio sociale, culturale, storico, economico, che condiziona i nostri atti non meno della nostra volontà.