Brasil
O surgimento das universidades no período do medieval comportou na instituição de um ordenamento específico voltado a regulamentar não só os atos mais solenes, mas também a condição jurídica e o cotidiano de todos aqueles que atuavam no seio dessa. As categorias de professores e os graus outorgados aos alunos encontram-se no âmago desse conjunto normativo em que conviviam sobretudo normas de caráter sapiencial e consuetudinário, as quais também sededicava a reger as cerimônias, as liturgias, os atos protocolares e os paramentos a serem utilizados nos momentos mais solenes da vida acadêmica. Consolidando-se por meio de variações muitas vezes significativas em cada universidade do espaço europeu, muitos desses preceitos e costumes perpassaram a Modernidade, alcançando os dias atuais em várias partes do mundo. O objetivo do presente artigo é, justamente, por meio de fontes normativas, doutrinárias e iconográficas, analisar o modo como se delinearam à partir da Idade Média, principalmente nas faculdades de direito, essas regulamentações de natureza sapiencial e consuetudinária, que vieram a constituir algumas das principais marcas características de um estamento específico que, por meio de diferentes transfigurações, se consolidou no tempo alcançando o século XIX: aquele dos professores universitários. Nesse âmbito, enquanto metodologia será desenvolvida uma comparação entre regras previstas nos cerimoniais acadêmicos e nobiliárquicos, assim como com aqueles que regem a liturgia da igreja católica romana
The emergence of universities during the Middle Ages led to the institution of a specific system that aimed not only to regulate the daily activities of its participants, but also its ceremonies and solemnities. In the heart of this system laid a intricateweb of notions relating to the degrees awarded to students, and the hierarchy between teachers. This article aims to analyse, with a focus on faculties of Law, the way in which these customary and sapiential rules, evolving since the Middle Ages, came to constitute some of the paramount characteristics of a specific station that firmly established itself in society, lasting well into the XIXth century and still enduring today: that of the university professor. In this pursuit, a comparison will be made between rules relating to solemn academic and nobiliary acts, as well as those pertaining Roman Catholic Church ceremonies, highlighting the existence of a “liturgy” that was assembled across centuries, which aimed to exalt the virtues that characterized the station of the university, and thus generating hierarchization practices between their members.