Ana Clara Klink de Melo
O presente artigo, tendo como paradigma teórico a teoria da racionalidade penal moderna, propõe-se a pensar os entraves cognitivos colocados à liberdade provisória em casos que chegam às audiências de custódia brasileiras. Partindo da análise de 144 termos de audiências de custódia, a pesquisa permitiu constatar a reprodução em cadeia das diferentes teorias da pena na fundamentação da prisão preventiva e de outras medidas cautelares penais. Disso, depreende-se que o sistema de ideias que orienta o direito criminal moderno, ao orientar o discurso decisório no momento anterior à sentença condenatória, contribui para a reprodução de uma lógica de sanção antes que haja culpa formada e para a precariedade de medidas cautelares alternativas à prisão.