Acceso usuarios
Resumen: La forma particular cobrada por el capitalismo chileno ha requerido la producción de consumidores financieros que deambulan por la sociedad de consumo con ingresos bajos, pero con gran acceso al crédito. En consecuencia, estar endeudado es una expectativa habitual en Chile. A través de 46 entrevistas en profundidad con consumidores financieros endeudados, se abordan las prácticas, materialidades, y evaluaciones morales y sociales en torno al crédito y la deuda que pueden resignificarse y domesticarse en un contexto de profunda normalización del endeudamiento. A la luz de estos datos es posible identificar tres procesos relacionados: (1) las operaciones morales que permiten el desacople del crédito y la deuda; (2) la resignificación de precios, valores y materialidades mediante distintas prácticas de crédito que usan los consumidores financieros para sobrevivir en una sociedad de consumo precaria; y (3) la evaluación y categorización subjetiva de los niveles de endeudamiento al subvertir las cuantificaciones y categorizaciones convencionales sobre la deuda. Tales argumentos y sus respectivas evidencias ayudan a explicar cómo estos consumidores financieros pueden desmoralizar el endeudamiento y resignificar el crédito; y explorar cómo aquello podría abrir espacios de contraagencia, colectivización y politización de los sujetos endeudados. Este artículo contribuye a la discusión sobre el significado de la deuda, a comprender la financiarización de la vida cotidiana, y a entender la instalación y participación en la sociedad de consumo desde la perspectiva de sujetos subordinados en el sur global.
Abstract: Chile’s specific form of capitalism has given rise to a class of financial consumers who navigate a consumer society with low incomes but easy access to credit. As a result, being in debt has become a common expectation in Chilean society. In this study, we conducted 46 in-depth interviews with indebted financial consumers to examine the practices, materialities, and moral and social evaluations surrounding credit and debt. We explored how these concepts are reinterpreted and domesticated in a context where indebtedness is deeply entrenched. Through our analysis, we identified three interrelated processes: (1) moral operations that allow for the separation of credit from debt; (2) the redefinition of prices, values, and materialities through various credit practices used by financial consumers to survive in a precarious consumer society; and (3) the subjective evaluation and categorization of debt levels, which subverts conventional quantifications and categorizations of debt. Our findings demonstrate how financial consumers can unmoralize indebtedness and redefine credit, providing opportunities for counter-agency, collectivization, and politicization of indebted subjects. This article contributes to the discussion on the meaning of debt, provides insight into the financialization of everyday life, and offers a perspective on installation and participation in a consumer society from the viewpoint of subordinated subjects in the Global South.
Resumo: A forma particular adquirida pelo capitalismo chileno vem exigindo a produção de consumidores financeiros, que deambulam pela sociedade de consumo com renda baixa, mas com grande acesso ao crédito. Em consequência, estar endividado é uma expectativa comum no Chile. Com base em 46 entrevistas em profundidade com consumidores financeiros endividados, são abordadas as práticas, as materialidades e avaliações morais e sociais sobre o crédito e a dívida, que podem se ressignificar e se domesticar num contexto de profunda normalização do endividamento. À luz desses dados, é possível identificar três processos relacionados: (1) as operações morais que permitem o desajuste do crédito e da dívida; (2) a ressignificação de preços, valores e materialidades por meio das diferentes práticas de crédito que os consumidores financeiros usam para sobreviver numa sociedade de consumo precária; (3) e a avaliação e categorização subjetivas dos níveis de endividamento ao subverter as quantificações e categorizações convencionais sobre a dívida. Esses argumentos e suas respectivas evidências ajudam a explicar como esses consumidores financeiros podem desmoralizar o endividamento e ressignificar o crédito; e explorar como isso poderia abrir espaços de contra-agência, coletivização e politização dos sujeitos endividados. Este artigo contribui para discutir sobre o significado da dívida, para compreender a financeirização da vida cotidiana e entender a instalação e participação na sociedade de consumo sob a perspectiva de sujeitos subordinados no sul global.
