Samuel Pires Melo, Osmar Rufino Braga, Jullyane Frazão Santana
Observa-se que nos últimos anos houve um processo de interiorização do ensino superior no Brasil, advindo principalmente da política pública de reestruturação e expansão das universidades federais, instituída em 2007. No entanto, em que medida esse processo pode ser considerado como de mudanças nas trajetórias de vida de grupos sociais historicamente marginalizados? Para desencadear tal discussão, este artigo analisa as trajetórias escolares de jovens estudantes rurais de um campus universitário público do Nordeste do Brasil. Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo, com amostragem aleatória de estudantes dos cursos das áreas de ciências exatas e biológicas, no qual foram utilizados o questionário e o diário de campo como instrumentos de coleta de dados; a estatística descritiva e a análise de conteúdo, como procedimentos de análise desses dados. Os resultados apontaram para um perfil de jovens com idade que varia entre 18 a 33 anos; trajetória escolar de migração para espaços citadinos, como motivação para continuar os estudos devido à precarização da educação nos espaços rurais; e perspectivas de futuro voltadas para o ensino superior objetivando a ascensão financeira para ajudar a família e seus territórios. Portanto, esse estudo sugere que os programas de interiorização e expansão das universidades federais estão sendo um aliado nas trajetórias de mudanças dos jovens e das jovens das áreas rurais.