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Fábio Perin Shecaira
O principal objetivo deste artigo é discutir o valor moral da literatura para o jurista. A ideia comum (defendida por autoras como Robin West, Martha Nussbaum e Lynn Hunt) de que a literatura é capaz de “humanizar” o leitor – tornando-o mais compreensivo e benevolente – não tem sido claramente corroborada por estudos empíricos sobre o assunto. Além disso, trata-se uma ideia politicamente arriscada, que interessa tanto aos amigos quanto aos inimigos da literatura. Por outro lado, é possível argumentar que a literatura é capaz de sofisticar a nossa compreensão de problemas morais e sociais. Talvez a literatura não faça dos leitores pessoas melhores, mas ela ainda pode fazer dos leitores pessoas mais atentas à complexidade de questões morais que tendem a ser subestimadas.
This paper aims at discussing the moral value of literature for jurists. The common view (espoused by authors such as Robin West, Martha Nussbaum, and Lynn Hunt) that literature is capable of “humanizing” the reader – making one more sympathetic and benevolent – has not been clearly corroborated by empirical studies on the subject. In addition, this is a politically risky idea, which interests both the friends and the foes of literature. On the other hand, it is possible to argue that literature is able to refine our understanding of moral and social problems. Perhaps literature does not make readers better people, but it can still make readers more aware of the complexity of moral issues that tend to be underestimated.
