Olegario da Costa Maya Neto
A desumanização e a segregação espacial são elementos comuns à história do Hospital Colônia de Barbacena e à “Cracolândia”, em São Paulo. Seus habitantes foram, no caso de Barbacena, e são, no caso de São Paulo, objetos de violência física e epistêmica em um processo que se explica através do conceito de colonialidade do poder e do gênero, proposto por María Lugones (2010). A partir também do conceito de necropolítica, proposto por Achille Mbembe (2003), analiso os documentários Holocausto Brasileiro(Daniela Arbex 2016) e Cracolândia: o Retrato do Caos (Rafael Gomide 2017), construindo relações que explicitam a construção de identidades sociais baseadas na desumanização, segregação e morte de indivíduos e grupos. Em outras palavras, objetivo analisar a fusão entre os discursos sanitaristas e policiais nas fronteiras urbanas – Hospital Colônia e “Cracolândia” –, a qual se dá através da desumanização, segregação e confinamento forçado daqueles considerados indesejados pela sociedade: os negros, os pobres, as pessoas em situação de rua, os dependentes químicos e as pessoas com transtornos mentais