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Luisina Perelmiter
El Estado, las burocracias y las políticas públicas han sido habitualmente analizadas desde arriba hacia abajo, de forma descendente. Existe, sin embargo, una prometedora agenda de investigación que aborda las prácticas de los agentes estatales y sus interacciones con los ciudadanos para de este modo reconstruir, “desde abajo”, la forma en que las políticas públicas son actuadas y experimentadas por distintos grupos sociales. A partir del trabajo de campo etnográfico realizado junto a inspectores laborales durante 6 meses en la Ciudad de Buenos Aires, este artículo se sirve de esta literatura para reconstruir los dispositivos, prácticas y razonamientos inscriptos en diversas situaciones de inspección. En particular, analizamos las relaciones entre la experiencia de “hacer cumplir la ley” y la de “hacer justicia” en dichas situaciones. Se sostiene que esa relación tiene la forma de una tensión mundana en la vida institucional de esta burocracia de calle; dilemas que no ocasionan ninguna ruptura del sistema en sí, pero que dotan de contenido a lo que denominamos la dimensión experiencial de la ciudadanía. El artículo cruza, así, dos cuestiones de relevancia para una sociología del Estado sensible a los desafíos de la sociedad contemporánea. Por un lado, la pregunta por cómo el Estado lidia cotidianamente con las dificultades para efectivizar principios de justicia universales. Por el otro, la pregunta por cuánto de esas dificultades contribuyen a borronear las fronteras entre lo legal y lo ilegal en la vida institucional de ese Estado.
State and public policies are usually observed from a top-down perspective. Yet, a growing literature focuses on state agents’ practices and daily bureaucratic encounters to reconstruct on- the-ground how policies are enacted, and the state is experienced by different social groups. Drawing on six months ethnographic fieldwork conducted in 2015 in Buenos Aires with labor inspectors, I engage this literature in order to analyze inspectors’ practices in diverse situations. Particularly, I analyze the relationships between the experience of "enforcing the law" and that of "doing justice" in such situations. I argue that this relationship has the form of a mundane tension in the institutional life of this street-level bureaucracy; dilemmas that do not cause any rupture of the system itself, but that gives content to what I call the experiential dimension of citizenship. The article crosses, thus, two issues of relevance for a sociology of the State sensitive to the challenges of contemporary society. On the one hand, the question of how the State deals with the difficulties in effecting universal principles of justice. On the other, the question of how much of these difficulties contribute to blurring the boundaries between the legal and illegal in the institutional life of that State.
O Estado, as burocracias e as políticas públicas foram analisadas de cima a baixo, de maneira descendente. Existe, no entanto, uma promissora agenda de pesquisa que aborda as práticas dos agentes estatais e suas interações com os cidadãos, a fim de reconstruir, "de baixo", a maneira pela qual as políticas públicas são acionadas e vivenciadas por diferentes grupos sociais. Com base no trabalho de campo etnográfico realizado com inspetores do trabalho por 6 meses na cidade de Buenos Aires, este artigo utiliza essa literatura para reconstruir os dispositivos, práticas e raciocínios inscritos em várias situações de inspeção. Em particular, analisamos as relações entre a experiência de "fazer cumprir a lei" e a de "fazer justiça" em tais situações. Argumenta-se que esta relação tem a forma de uma tensão mundana na vida institucional desta burocracia do nível da rua; dilemas que não causam uma perturbação do sistema em si, mas que dão conteúdo ao que chamamos de dimensão experimental da cidadania. O artigo cruza, assim, duas questões de relevância para uma sociologia do Estado sensível aos desafios da sociedade contemporânea. Por um lado, a questão de como o Estado lida diariamente com as dificuldades de efetivar princípios universais de justiça. Por outro lado, a questão de quanto dessas dificuldades contribui para obscurecer as fronteiras entre o legal e o ilegal na vida institucional daquele Estado.
