Brasil
Estabelecendo um diálogo com Thomas Ibañez (2001), Ian Hacking (1999), Donna Haraway (1991) e a Actor Network Theory de John Law e colegas (1999), este paper busca refletir sobre a possibilidade de superação da dicotomia entre realismo e construcionismo. Partindo da pergunta “por que como psicólogos sociais, deveríamos nos posicionar nessa contenda?”, explora alguns caminhos que vêm sendo trilhados no debate contemporâneo sobre as bases do conhecimento. Argumentando que deveríamos abandonar essa e todas as demais dicotomias que vêm no arrastão do realismo, adota a postura que vivemos em um mundo híbrido que é uma mescla de percepções culturais, ordens morais locais, estratégias de governamentalidade, objetos e tecnologias: ou seja, em uma rede de materialidades que inclui nossos modos de falar sobre o mundo. Tendo em vista que essa postura implode também a dicotomia fato/ficção, busca, ainda, refletir sobre as implicações para a pesquisa e para a definição do que conta como conhecimento legítimo, assumindo a posição de que os relatos da ciência são também eles gêneros de narrativas.