Andrea Jimena Villagrán, Irene López
La Serenata a Cafayate, que se realiza desde 1974 hasta la actualidad, es abordada en este trabajo como un evento de enorme potencial analítico, en tanto su indagación abre interrogantes de diversa índole y posibilita la exploración de múltiples dimensiones. Éstas remiten al ámbito del trabajo, de las relaciones sociales, de las celebraciones y de los sentidos que el mismo condensa. Teniendo en cuenta la perspectiva ofrecida por la teoría de los intercambios, como también las nociones de hecho social total y variaciones estacionales de M. Mauss [1904-1905(1971)] y [1921(2010)], la Serenata puede ser comprendida –más alá de su carácter festivo y su condición de espectáculo folklórico- como parte de una trama compleja de transformaciones operadas en un contexto de re-estructuración productiva y de organización del trabajo, que impactan en los diversos ámbitos de la vida y fundamentalmente, en el modo en que se entablan las relaciones entre patrones-propietarios y trabajadores-peones. En el marco de ese proceso se manifiesta el agotamiento de un “sistema tradicional” de relacionamiento y tiene lugar una progresiva redefinición de posiciones sociales a la par de una reconfiguración de roles. El artículo muestra una serie de significativos desplazamientos en el orden social, económico y cultural ya que la Serenata concentra y resignifica un conjunto de prácticas que la anteceden, desarrolladas en ámbitos privados, al interior de las fincas y en espacios propios de las élites, hacia un espacio que va conformándose como público al mismo tiempo que se configura un sujeto colectivo “pueblo” al cual el espectáculo se destina bajo el sentido de un “regalo”.
La Serenata a Cafayate (Serenade to Cafayate), held since 1974 up to this date, is tackled in this work as an event with enormous analytical potential, inasmuch as investigating about it raises different questions and enables the exploration of multiple dimensions. These dimensions refer to the spheres of work, of social relationships, of celebrations, and the senses they concentrate. Taking into consideration the perspective offered by the social exchange theory, as well as the concepts of total social fact and seasonal variation of M. Mauss, the Serenade can be understood -beyond its celebratory and folkloric show nature- as part of a complex structure of transformations occurring in a context of productive restructuring and labor organization which impact on the diverse spheres of life and, mainly, in the way the relationships between employer-landowners and employees-farm worker are established. Within the framework of that process, the exhaustion of a “traditional system” of interrelation becomes evident and a progressive redefinition of social status takes places along with a role reconfiguration. The article shows a series of significant displacements on the social, economic, and cultural orders since the Serenade concentrates and reframes a set of practices which precedes it, developed in private spheres, within the farms and in forums common to the elite, towards a space that is becoming public at the same time that a collective subject, the “people”, is formed. It is for this collective subject that the show is held, in the sense of a “gift”.
A Serenata para Cafayate, que se realiza desde 1974 até a atualidade, é abordada neste trabalho como um evento de enorme potencial analítico, por quantosuaindagação abre interrogantes de diversa índole e possibilita a exploração de múltiplas dimensões. Estas remetem ao âmbito do trabalho, das relações sociais, das celebrações e dos sentidos que o mesmo condensa. Tendo em conta a perspectiva oferecida pela teoria dos intercâmbios, como também as noções de fato social total e variações sazonais de M. Mauss [1904-1905(1971)] e [1921(2010)], a Serenata pode ser compreendida -além de seu carácter festivo e da sua condição de espetáculo folclórico- como parte de una trama complexa de transformações operadas em um contexto de reestruturação produtiva e de organização do trabalho, que impactam nos diversos âmbitos da vida e, fundamentalmente, no modo em que se entabulam as relações entre patrões - proprietários e trabalhadores –peões. No marco desse processo se manifesta o esgotamento de um “sistema tradicional” de relacionamento e tem lugar uma progressiva redefinição de posições sociais a par de uma reconfiguração de papeis. A matéria mostra uma série de significativos deslocamentos na ordem social, econômica e cultural já que a Serenata concentra e dá um novo significado a um conjunto de práticas que a antecedem, desenvolvidas em âmbitos privados, ao interior das fincas e em espaços próprios das elites, para um espaço que vai conformando-se como público ao mesmo tempo que se configura um sujeito coletivo “povo” para quem o espetáculo se destina sob o sentido de um “presente”.