Sonia Kramer, Joseph Edelheit
Discursos que valorizam a pluralidade religiosa convivem, em vários contextos, com ações de humilhação, exclusão, violência e tentativa de eliminação de grupos religiosos. Comprometido com tais questões, este texto analisa o desconhecimento que existe sobre as religiões, mesmo quando há convivência entre as pessoas, ressalta a urgência deste reconhecimento e discute o papel que deveria ser exercido pela escola. O primeiro item apresenta interações entre professores e alunos em diferentes instituições de Ensino Superior no Brasil e nos Estados Unidos. Essas situações expressam ora desconhecimento e dificuldade de aceitar o outro, ora reconhecimento da religião do outro como tendo igual valor, espiritualidade e relevância. O segundo item traz dois filósofos cuja obra tem importante impacto na produção acadêmica, nos movimentos sociais e em uma educação concebida como construção de comunidade: Martin Buber, sua concepção de religião e religiosidade e a compreensão do reconhecimento do outro e sua alteridade como engajamento responsável, ato ético singular; e Abraham Heschel, sua visão do homem, sua paixão pela verdade e a procura humana de Deus. A análise dos seus textos convida a trazer Paulo Freire. O terceiro item reflete sobre o que pode ser feito na escola, em especial na formação. E como educar os educadores? Como construir diálogo autêntico? Como aceitar e educar o ser humano como pessoa (mensch), tecendo o entre nós e os outros, confiando na humanidade do homem, no vínculo e no diálogo interreligioso?