Astrid Lorena Perafán Ledezma, William Andrés Martínez-Dueñas
Con los conceptos de biopoder, gubernamentalidad y desarrollo, se analiza un programa de intervención agroalimentaria en El Rosal, Cauca, una localidad rural del suroccidente de Colombia, en la cordillera de los Andes. A través de una metodología que vincula el análisis de documentos, discursos locales y la puesta en marcha de programas agroalimentarios, se hace visible cómo operan las proyecciones biopolíticas de la nutrición y la alimentación en contextos específicos. Después de mostrar algunas investigaciones sobre el tema del biopoder en las prácticas alimentarias, se expone la relación entre la implementación de las políticas alimentarias a nivel local y los discursos globales sobre la alimentación y la nutrición. Además, se presenta la forma en que esto busca transformar las prácticas agroalimentarias en El Rosal, a través de la implementación de un programa departamental centrado en el cultivo y consumo de la quinua (Chenopodium quinoa), un alimento considerado de gran valor nutricional y cultural. Para observar esto en el terreno, se realizaron varias visitas a El Rosal, durante los años 2008, 2009 y 2010. Esto se complementó con trabajo de archivo y con entrevistas a actores centrales de instituciones locales, municipales y departamentales. Como resultado se evidenciaron, por un lado, las intervenciones biopolíticas de espacios específicos, como la huerta y el restaurante escolar, y de otros espacios pedagógicos en la institución educativa del corregimiento; y, por otro lado, se pusieron de manifiesto los procesos de construcción de sujetos poseedores y replicadores de las prácticas y los discursos agroalimentarios considerados aceptables, en el marco del conocimiento experto. Asimismo, se hizo evidente la contradicción en la incorporación de prácticas agroalimentarias y conocimientos considerados ancestrales o tradicionales en el programa analizado. Si bien en el proyecto de intervención se exalta la importancia de lo ancestral, en la ejecución, estos conocimientos y prácticas se someten a ajustes o actualizaciones tecnocientíficas, para hacerlos coherentes con las proyecciones del desarrollo nacional y transnacional, específicamente con la ciencia de la nutrición.
This paper focuses on the concepts of biopower, governmentality, and development in order to analyze an agrofood intervention program in a rural locality in the southern Colombian Andes (El Rosal, Cauca). Through the use of a methodology that links document analysis, local discourses, and agrofood start-up programs, the ways that biopolitical projections operate with regard to nutrition and food in specific contexts were illuminated. After reviewing several investigations on the theme of biopower in food practices, the relationship between the implementation of food policies on a local level and discourses about food and nutrition produced on a global level were clarified. An example is the attempt to transform the agrofood practices in El Rosal through the implementation of a departmental program centered on the cultivation and consumption of quinua (Chenopodium quinoa), a food considered to be ancestral and of great nutritional value. In order to observe this first-hand, various visits to El Rosal were undertaken during 2008, 2009 and 2010. These were complemented with archival work and interviews with central stakeholders from local institutions, municipalities and departments. The results allow us to show, on the one hand, space-specific biopolitical interventions such as the kitchen garden, the cafeteria, and other pedagogical spaces of the local school; and, on the other hand, the processes of construction of subjects who possess and repeat agrofood practices and discourses considered to be acceptable in an expert framing of knowledge. Likewise, we show the contradiction between the incorporation of agrofood knowledge and those practices considered to be ancestral or traditional. Although the intervention project highly values the importance of the ancestral, in practice these concerns were subject to adjustments and technoscientific updates in order to make them coherent with national and transnational development projections and nutritional science.
Com base nos conceitos de biopoder, governabilidade e desenvolvimento, analisa-se um programa de intervenção agroalimentar em El Rosal, Cauca, uma zona rural do sudoeste da Colômbia, na Cordilheira dos Andes. Por meio de uma metodologia que vincula a análise de documentos, os discursos locais e a realização de programas agroalimentares, faz-se visível como operam as projeções biopolíticas da nutrição e da alimentação em contextos específicos. Depois de mostrar algumas pesquisas sobre o tema do biopoder nas práticas alimentares, expõe-se a relação entre a implementação das políticas alimentares no âmbito local e os discursos globais sobre a alimentação e a nutrição. Além disso, apresenta-se a forma em que isso busca transformar as práticas agroalimentares em El Rosal mediante a execução de um programa estadual centralizado na plantação e no consumo de quinoa (Chenopodium quinoa), um alimento considerado de grande valor nutricional e cultural. Para observar isso no terreno, realizaram-se várias visitas a El Rosal durante 2008, 2009 e 2010, as quais foram complementadas com trabalho de arquivo e com entrevistas a atores centrais de instituições locais, municipais e estaduais.
Como resultado, evidenciaram-se, por um lado, as intervenções biopolíticas de espaços específicos como a horta e o restaurante escolar e outros espaços pedagógicos na instituição educativa do município; por outro lado, manifestaram-se os processos de construção de sujeitos possuidores e reprodutores das práticas e dos discursos agroalimentares considerados aceitáveis no âmbito do conhecimento especializado. Além disso, fez-se evidente a contradição na incorporação de práticas agroalimentares e conhecimentos considerados ancestrais ou tradicionais no programa analisado. Embora no projeto de intervenção se saliente a importância do ancestral, na execução, esses conhecimentos e práticas são submetidos a ajustes ou atualizações tecnocientíficas para torná-los coerentes com as projeções do desenvolvimento nacional e transnacional, especificamente com a ciência da nutrição.