Johanna Alexandra Cervantes García
El presente artículo examina la controversia que se generó en torno a la calidad del agua, durante el 2012 y el 2013, en Bogotá, en la que estuvieron involucradas diferentes instituciones y personalidades del orden distrital y nacional. Esta controversia se analiza a partir de la mirada disciplinar de los Estudios Sociales de la Ciencia y la Tecnología (esct), específicamente desde la mirada de las controversias en la esfera pública, que profundiza en las formas de coproducción de sociedad y conocimiento en el debate público. Esta mirada proporciona claves para comprender cómo la ciencia, la tecnología y la sociedad no son esferas interdependientes que se encuentran circunstancialmente, por ejemplo, en los determinantes sociales para la producción científica o en los efectos sociales de la tecnología, sino que son ámbitos de acción que se constituyen mutuamente y están presentes en una multiplicidad de lugares de producción, circulación, acreditación y asociación estable de actores y objetos heterogéneos. Si correr significa ‘dejar fluir un líquido’ y el refrán, implícitamente, exhorta a no involucrarnos en asuntos que no nos incumben, en este análisis de controversia se propone un ejercicio diametralmente opuesto, tratando de no dejar fluir, sino de capturar un momento, en el que una controversia se posiciona en el debate público. En la primera parte, se establecen los actores que participaron en la controversia y las diferentes posiciones que adoptaron a lo largo del año que duró. En la segunda parte, se ahonda en el establecimiento del indice de riesgo de la calidad del agua (irca) como un actor no humano que se constituyó en un eje articulador del conglomerado de relaciones sociotécnicas movilizadas. En la tercera parte, se profundiza en los mecanismos retóricos empleados por los actores más importantes. En la cuarta y quinta parte, se analiza de qué modo el irca, los medios y los científicos produjeron la controversia.
This topic is analysed through an sts understanding of public controversies and the coproduction of science and society in the course of public sociotechnical debates. This approach allows us to recognise how “science”, “technology” and “society” are not merely contingently interdependent but are mutually constitutive. If the Spanish saying quoted in the title suggests that we should not involve ourselves in matters that do not concern us, in this analysis we are doing the exact opposite: collecting the “water” of the controversy, not letting it flow away. In the first part, we name the actors who participated and their different positions. In the second, we examine the establishment of the indice de riesgo de la calidad del agua (irca) as a non-human actor and in the third we examine the rhetorical strategies employed by the most important actors. Finally, in the fourth and fifth sections, we show how the controversy was built through the joint actions of irca, the media and scientists.
O presente artigo examina a controvérsia que foi gerada sobre a qualidade da água durante 2012 e 2013 em Bogotá, na qual estiveram envolvidas diferentes instituições e personalidades do distrito e do país. Ela é analisada a partir do olhar disciplinar dos estudos sociais da ciência, em específico, do olhar das controvérsias na esfera pública, que aprofunda nas formas de coprodução de sociedade e conhecimento no debate público. Esse olhar proporciona elementos-chave para compreender como a ciência, a tecnologia e a sociedade não são esferas interdependentes que se encontram circunstancialmente, por exemplo, nos determinantes sociais para a produção científica ou nos efeitos sociais da tecnologia, mas sim que são âmbitos de ação que se constituem mutuamente e estão presentes numa multiplicidade de lugares de produção, circulação, credenciamento e associação estável de atores e objetos heterogêneos. Se fluir significa “deixar correr um líquido” e o ditado, implicitamente, exorta a não nos envolvermos em assuntos que não nos incubem, nesta análise de controvérsia, propõe-se um exercício diametralmente oposto, na tentativa de não deixar fluir, mas sim de capturar um momento no qual uma controvérsia se posiciona no debate público.
Na primeira parte, estabelecem-se os atores que participaram da controvérsia e das diferentes posições que adotaram ao longo do ano que durou. Na segunda parte, aprofunda-se no estabelecimento do Índice de Risco da Qualidade da Água (irca) como um ator não humano que se constituiu num eixo articulador do conglomerado de relações sociotécnicas mobilizadas. Na terceira parte, examina-se os mecanismos retóricos empregados pelos atores mais importantes. Na quarta e quinta partes, analisa-se, sob a perspectiva dos estudos sociais da ciência, de que forma o irca e a construção retórica dos meios de comunicação e dos cientistas se tornaram elementos centrais da controvérsia.