Colombia
Este artículo parte de la siguiente pregunta: ¿Cómo se hace un cuerpo en la asignatura de Anatomía? Me interesa el cuerpo como materialidad y experiencia, como producto de una práctica bastante específica, de la cual surge como un ente natural y trascendente. Para referirme a la práctica de hacer cuerpo, hago un análisis etnográfico de la asignatura en conjunto: observo los estudiantes, los profesores, los libros, las pinzas, las manos y los cadáveres usados. Este análisis es producto de mi participación durante más de un año en las clases y en los laboratorios de la asignatura de Anatomía, en dos facultades de Medicina, en la ciudad de Bogotá, Colombia. Se trata de una etnografía de una serie de movimientos corporales específicos, con los cuales se aprende a hacer anatomía humana, con un amplio rango de materialidades (cadáveres, libros, dispositivos virtuales, modelos tridimensionales, etcétera). Gracias a mi participación en este espacio de enseñanza, elaboré un diario de campo que luego transcribí, para someterlo a un análisis. En este, me interesa dar cuenta de aquellos momentos en los que una estructura anatómica es producto de las prácticas de la asignatura.
Así, este artículo explora, en específico, la manera en que se hacen arterias en el anfiteatro de Anatomía. Mi pregunta no es cómo se identifican determinados vasos sanguíneos en el cuerpo humano, sino cómo estos emergen con sus distintas propiedades y particularidades en el laboratorio, incluido un nombre que los identifica. La cuestión no es, pues, epistemológica sino ontológica. De esta manera, en este artículo muestro que en el laboratorio surgen sensaciones y trayectorias materiales como si fueran arterias específicas. Para esto, se requiere de un espacio orientado y de la participación de múltiples entidades, heterogéneas y parcialmente conectadas, que enriquecen la experiencia de hacer arteria en el laboratorio. Así, arteria es materialidad y experiencia múltiple, como el cuerpo es siempre materia y sociabilidad, pues constituye una relación entre un amplio número de entidades en la clase y en el laboratorio.
This paper enquires into how bodies are done in an anatomy lesson. I am interested in the body as materiality and experience, as product of a specific kind of practice, which has the ability to enact the body as a natural and transcendent entity. In order to describe empirically the practice of doing the body through anatomy, I appeal to an ethnographic analysis of hands, students, forceps, cadavers, professors and books, all in a productive relationship. My ethnography is the outcome of my participation for more than a year in anatomical classes and laboratories in two medical schools in Bogotá, Colombia. I produce ethnographic descriptions of specific bodily movements that allow students to learn and practice human anatomy with a range of materialities such as cadavers, books, virtual devices and three-dimensional models. The field notes that I transcribed and analyzed allow me to show the specific events in which an anatomical structure emerges in and through the practice.
In this paper, I will explore the way in which students do arteries in the anatomical amphitheatre. I want to understand, not simply how the student names something as an artery, but how this emerges with all its properties and particularities, including a name. Therefore, my question is not epistemological but ontological. In this way, I show how arteries emerge as sensations and material paths in the laboratory. For that to happen, an oriented space and the involvement of multiple, heterogeneous and partially connected entities are required. Thus, the artery is composed of multiple materialities and multiple experiences in this site. The body is both materiality and sociality, always dependent on the relationships between a large number of entities in the class and the laboratory.
Este artigo parte da pergunta: como se faz um corpo na disciplina de anatomia? Interessa-me o corpo como materialidade e experiência, como produto de uma prática bastante específica, da qual surge como um ente natural e transcendente. Para me referir à prática de fazer um corpo, faço uma análise etnográfica da disciplina em conjunto: observo os estudantes, os professores, os livros, os instrumentos, as mãos e os cadáveres usados. Essa análise é produto de minha participação durante mais de um ano nas aulas e nos laboratórios da disciplina de anatomia, em duas faculdades de medicina, na cidade de Bogotá (Colômbia). Trata-se de uma etnografia de uma série de movimentos corporais específicos, com os quais se aprende a fazer anatomia humana com uma ampla faixa de materialidades (cadáveres, livros, dispositivos virtuais, modelos tridimensionais etc.). A partir de minha participação nesse espaço de ensino, elaborei um diário de campo que logo transcrevi para submetê-lo a uma análise. Neste, interessa-me mostrar aqueles momentos nos quais que uma estrutura anatômica é produto das práticas da disciplina.
Assim, este artigo explora, em específico, a maneira em que se fazem artérias no anfiteatro da anatomia. Minha pergunta não é como se identificam determinados vasos sanguíneos no corpo humano, mas sim como se configuram suas diferentes propriedades e particularidades no laboratório, incluído um nome que os identifica. A questão não é, portanto, epistemológica, mas sim ontológica. Dessa maneira, neste artigo, mostro que, no laboratório, surgem sensações e trajetórias materiais como se fossem artérias específicas. Para isso, requer-se de um espaço orientado e da participação de múltiplas entidades, heterogêneas e parcialmente conectadas, que enriquecem a experiência de fazer uma artéria no laboratório. Portanto, uma artéria é materialidade e experiência múltipla, como o corpo é sempre matéria e sociabilidade, pois constitui uma relação entre um amplo número de entidades na aula e no laboratório.