O texto discute a internacionalização da educação superior no Brasil relacionando-a no contexto da crise do capital e sua repercussão no programa de mobilidade estudantil Ciências sem Fronteiras. Apresenta uma reflexão sobre a interferência direta dos organismos multilaterais de financiamento nas políticas de internacionalização da educação superior em que mistura-se princípios de transferência de conhecimentos com razões economicistas e competitivas que se materializa por meio de processos de “cooperação internacional”, tendência que vem se desenhando mundialmente. A internacionalização não é um processo novo no Brasil, mas vem se reconfigurando nos últimos anos por meio de programas e políticas induzidas pelo governo brasileiro, nos quais são enfatizados a mobilidade estudantil. Nessa perspectiva o governo brasileiro criou em 2011 o Programa Ciência sem Fronteiras (CsF), com a previsão de concessão de 101 mil bolsas em quatro anos. O artigo analisa a concessão de bolsas de graduação pelo CsF no período de 2012 a 2014 evidenciando os países de destino para a realização da mobilidade estudantil. Os estudos mostram que a política de indução à mobilidade de estudantes adotada pelo Brasil com o CSF tem contribuído para consolidar a internacionalização no país e que os países mais procurados pelos estudantes brasileiros são aqueles considerados mais desenvolvidos com universidades de ponta na produção do conhecimento.