As condições socioeconômicas, políticas e culturais das mulheres negras são precárias, a maioria se encontra abaixo da linha da pobreza, com baixa escolaridade, em situação de exclusão social e sem acesso efetivo às políticas públicas. A experiência da ONG Maria Mulher evidencia a discriminação racial em relação a mulheres negras como um fator que potencializa a violência de gênero e causa prejuízos à qualidade de vida e saúde das mulheres. Essa pesquisa buscou compreender os efeitos da discriminação racial na construção de identidades e modos de subjetivação de mulheres negras atendidas no programa SOS Racismo. O referencial teóricometodológico foi o das práticas discursivas, entendidas como a forma pela qual as pessoas produzem sentidos nas relações sociais. Na análise foram identificados o sofrimento provocado pela discriminação racial e os efeitos nas identidades e modos de subjetivação dessas mulheres. O grupo produziu novos sentidos para as violências sofridas, transformando a narrativa pessoal em denúncia pública.