Rita Alves
As cidades são espaços de leituras e de escrituras. Durante a segunda metade do século XX, as intervenções urbanas juvenis dessas escrituras, recheadas dos imaginários desses jovens, os grafites, stickers e as pichações que cobrem os muros, os postes e o mobiliário urbano das grandes cidades, apontam técnicas e estéticas emergentes que se concretizam por meio das sociabilidades, pertencimentos e identidades juvenis, assim como seus nomadismos e articulações políticas e ideológicas. Este trabalho propõe uma reflexão sobre estas intervenções urbanas juvenis como produtos culturais, que se inserem na complexa rede de pertencimentos, produções e apropriações simbólicas, disputas e lutas hegemônicas. Produtos de estrutura das organizações juvenis, essas intervenções urbanas apontam a emergência de práticas e ações políticas características dessas metrópoles contemporâneas; podem ser lidas como comunicações subversivas e de resistência, trazem o inconformismo juvenil com relação ao consumismo, à política institucionalizada, às questões ecológicas e à especulação imobiliária; questionam a propriedade privada e os espaços públicos em seus nomadismos juvenis.