Os relacionamentos afetivos passaram por transformações significativas ao longo do último século, marcados por mudanças sociais, culturais e subjetivas que reconfiguram os vínculos amorosos. O casamento tornou-se mais tardio e, em muitos casos, transitório; a virgindade perdeu a centralidade nos rituais afetivos e o sexo adquiriu maior desprendimento, sendo vivenciado sem compromisso. A decisão de ter filhos deixou de ser uma obrigatoriedade, tornando-se uma escolha individual. Na contemporaneidade, há uma valorização das experiências imediatas e da busca por sensações. Apesar dessas transformações, a família permanece como estrutura essencial para a socialização e construção dos vínculos afetivos, desempenhando um papel determinante na formação emocional. A identificação com os modelos familiares — tanto ativa quanto passiva — exerce influência direta na escolha de parceiros afetivo-sexuais. As escolhas modernas refletem uma mescla de heranças familiares e ideais próprios de uma sociedade mais pluralista, onde normas rígidas foram substituídas por possibilidades mais flexíveis. A escolha do parceiro envolve fatores conscientes e inconscientes, sendo influenciada pela bagagem emocional e sociocultural de cada indivíduo. Modelos de amor aprendidos na família de origem, dinâmicas de afeto e sexualidade, bem como expectativas em torno de relacionamentos, atuam como elementos estruturantes desse processo. A percepção do amor e das formas de conexão é moldada por essas interações, contribuindo para a construção de relações afetivas que carregam a singularidade de cada trajetória pessoal. A análise da escolha de parceiros afetivos revela a importância de compreender os processos envolvidos nas carências afetivas. Essa abordagem permite uma ampliação do entendimento sobre os relacionamentos conjugais, fornecendo bases para o fortalecimento de vínculos mais conscientes, saudáveis e duradouros.