Lorena Lins, Augusto Cesar Salomão Mozine
El artículo discute la relación entre ancestralidad y territorialidad en la formación y reconocimiento de la comunidad quilombola pesquera y extractivista de Degredo, Brasil. A partir de la observación participante, grupos focales y entrevistas entre 2018 y 2021, el estudio se centró en la caracterización de la comunidad a partir de las percepciones de sus miembros para analizar su identidad y territorialidad, que influyeron en el proceso de su reconocimiento formal. La comunidad de Degredo convive diariamente con la interferencia de emprendimientos de explotación, sumada a conflictos con los agricultores de la región. Con una fuerte relación con el mar, los ríos y las lagunas como espacios de vida familiar y de actividades colectivas, la comunidad se ve envuelta en innumerables procesos de licenciamiento ambiental con poco diálogo y baja participación, además de otros enfrentamientos cotidianos relacionados con la construcción de carreteras, oleoductos en patios traseros, falta de infraestructura y acceso a derechos sociales como educación, salud, transporte, vivienda, trabajo e ingresos. Ante las constantes injerencias, la comunidad quilombola de Degredo ha formado una fuerte movilización colectiva en favor de sus derechos territoriales y lucha constantemente por mantener su modo de vida, construyendo así su identidad y territorialidad. El colapso de la presa Fundão de la empresa minera Samarco, en el municipio de Mariana, Minas Gerais, Brasil, ocurrido en noviembre de 2015, afectó a la comunidad y los relaves de la presa, empujados por el viento, llegaron a la playa de Degredo en febrero de 2016. Centrándose en las contribuciones de la ecología política crítica, se debate la relación entre Degredo y la interferencia de proyectos de explotación agraria e industrial, combinados con conflictos socioambientales históricos. Finalmente, se discute la cuestión de la autorrealización en el contexto del proceso de reconocimiento como quilombola remanente por parte del Instituto Nacional de Reforma Agraria y de la Fundación Cultural Palmares.
This article explores the interplay between ancestry and territoriality in the formation and formal recognition of the quilombola fishing and extractive community of Degredo, Brazil. Using participant observation, focus groups, and interviews conducted between 2018 and 2021, the study examines how community members perceive their identity and territoriality, and how these factors influenced the recognition process. The Degredo community faces daily challenges, including interference from exploitative enterprises and conflicts with regional farmers. Deeply connected to the sea, rivers, and lagoons—essential spaces for family life and collective activities—the community frequently engages in environmental licensing processes characterized by limited dialogue and minimal participation. They also confront broader issues such as road construction projects, backyard pipelines, inadequate infrastructure, and restricted access to social rights, including education, healthcare, transportation, housing, employment, and income. In response to these adversities, the Degredo quilombola community has fostered strong collective mobilization to defend their territorial rights and maintain their way of life, which in turn shapes their unique identity and territoriality. The 2015 collapse of the Fundão dam, owned by the Samarco mining company in Mariana, Minas Gerais, Brazil, exacerbated these challenges. By February 2016, mining tailings carried by the wind had reached Degredo beach, further affecting the community. Drawing on critical political ecology, this article highlights how Degredo contends with agricultural and industrial exploitation projects while addressing long-standing socio-environmental conflicts. The study also delves into the community’s process of self-determination and its formal recognition as a quilombola by Brazil’s National Agrarian Reform Institute and the Palmares Cultural Foundation.
Neste artigo, é discutida a relação entre ancestralidade e territorialidade na formação e reconhecimento da comunidade de pescadores e extrativistas quilombola do Degredo, Brasil. A partir de observação participante, realização de grupos focais e entrevistas de 2018 a 2021, o estudo centrou-se na caracterização da comunidade com base nas percepções dos seus membros para analisar a sua identidade e territorialidade que influenciaram o processo do seu reconhecimento formal. A comunidade do Degredo convive cotidianamente com as interferências de empreendimentos de exploração, adensadas aos conflitos com os fazendeiros da região. Configurada em forte relação com o mar, com os rios e com as lagoas como espaços de vivências familiares e atividades coletivas, a comunidade está imbricada em inúmeros processos de licenciamento ambiental com pouco diálogo e baixa participação, além de outros enfrentamentos cotidianos relacionados à construção de estradas, oleodutos em quintais, falta de infraestrutura e de acesso a direitos sociais como educação, saúde, transporte, moradia, trabalho e renda. Diante das constantes interferências, a comunidade quilombola do Degredo constitui forte mobilização coletiva em prol dos seus direitos territoriais e lutas constantes pela manutenção de seu modo de vida, construindo assim sua identidade e territorialidade. O rompimento da barragem de Fundão da mineradora Samarco no município de Mariana, Minas Gerais, Brasil, que ocorreu em novembro de 2015, afetou a comunidade e os rejeitos da barragem empurrados pelo vento chegaram à praia do Degredo em fevereiro de 2016. Com enfoque nas contribuições da ecologia política crítica, debate-se a relação do Degredo com as interferências de empreendimentos de exploração agrária e industrial, adensado aos conflitos socioambientais históricos. Discute-se, por fim, a questão da autorrealização no contexto do processo de reconhecimento de remanescente quilombola junto ao Instituto Nacional para a Reforma Agrária e à Fundação Cultural Palmares.