En este artículo propongo un diálogo entre el pensamiento de Theodor Adorno y el de Raquel Gutiérrez Aguilar. La tesis central es que el materialismo ecológico de Adorno, que surge de la articulación de la crítica de los sistemas filosóficos del idealismo con la crítica del capitalismo, se encuentra con el materialismo del cuidado y la reproducción propuesto por Gutiérrez Aguilar en la idea de que no hay libertad humana sin libertad de la naturaleza. Adorno prefigura filosóficamente este planteamiento con su tesis de que el sujeto abstraído de la naturaleza es un sujeto cosificado y con sus conceptos de historia natural, diferenciación sin dominio y comunicación objetiva. Gutiérrez Aguilar nos permite ver que, en ciertas prácticas políticas y comunitarias de algunos pueblos indígenas y negros, así como en el trabajo de reproducción de la vida realizado generalmente por mujeres en su cotidianidad, se despliega, aunque nunca de forma pura o sin tensiones, una potencia emancipatoria que apunta justamente a esa diferenciación sin dominio entre ser humano y naturaleza.
This article explores a dialogue between the philosophical frameworks of Theodor Adorno and Raquel Gutiérrez Aguilar. The central argument posits that Adorno’s ecological materialism—rooted in his critique of idealist philosophical systems and capitalism—converges with Gutiérrez Aguilar’s materialism of care and reproduction in their shared premise: there can be no human freedom without the freedom of nature. Adorno prefigures this perspective philosophically through his critique of the reification of the subject abstracted from nature and his concepts of natural history, differentiation without domination, and objective communication. Gutiérrez Aguilar, in turn, provides a grounded view, illustrating how certain political and communal practices among Indigenous and Black communities, as well as the life-sustaining work traditionally performed by women, reveal an emancipatory potential. This potential, though never devoid of complexity or tension, gestures toward a vision of differentiation without domination between humanity and nature.
Neste artigo, proponho um diálogo entre o pensamento de Theodor Adorno e o de Raquel Gutiérrez Aguilar. A tese central é que o materialismo ecológico de Adorno, que surge da articulação da crítica dos sistemas filosóficos do idealismo com a crítica do capitalismo, encontra o materialismo do cuidado e da reprodução proposto por Gutiérrez Aguilar na ideia de que não há liberdade humana sem liberdade da natureza. Adorno prefigura filosoficamente essa abordagem com sua tese de que o sujeito abstraído da natureza é um sujeito reificado e com seus conceitos de história natural, diferenciação sem dominação e comunicação objetiva. Gutiérrez Aguilar nos permite ver que, em certas práticas políticas e comunitárias de alguns povos indígenas e negros, bem como no trabalho de reprodução da vida geralmente realizado pelas mulheres em sua vida cotidiana, é exercido um poder emancipatório, embora nunca de forma pura ou livre de tensões, que aponta precisamente para essa diferenciação sem dominação entre os seres humanos e a natureza.