Alvaro Andrés Villegas Vélez , Catalina Castrillón Gallego
A partir de las premisas del giro ontológico, este artículo interpreta el reconocimiento de la naturaleza como víctima y testigo del conflicto armado colombiano por parte de la Comisión para el Esclarecimiento de la Verdad, la Convivencia y la No Repetición. Para cumplir este propósito, se realizó una lectura exhaustiva del informe Cuando los pájaros no cantaban, la cual se complementó con la lectura de otros tomos del Informe final de la Comisión de la Verdad y con la escucha y visión de su amplio material suplementario; también se revisaron las transcripciones de numerosos testimonios recogidos por esta institución y se consultaron varias sentencias y autos de otras entidades que reconocen a la naturaleza o al territorio como sujeto de derechos y como víctima. A partir de esta revisión, se encontró que la Comisión no tuvo una comprensión homogénea sobre la naturaleza, y que dentro de las múltiples interpretaciones que propone, la más interesante es la que permite pensar a la naturaleza como testigo del daño que le han infringido. Esta interpretación no es una invención de la Comisión, sino que parte de (i) el carácter relacional de las ontologías de las sociedades campesinas, indígenas y afrocolombianas que dieron testimonio, (ii) el carácter político de estas ontologías que hace necesario considerar que el daño y la reparación son objeto de disputa y negociación en mundos que son más que uno y menos que muchos, y (iii) que la naturaleza en sí misma da testimonio ya que la producción e interpretación de signos es una propiedad inmanente a la vida. Por último, se plantea que la Comisión realiza un desplazamiento del interrogante ¿puede hablar la naturaleza?, a la pregunta ¿podemos escucharla?
Drawing on the premises of the ontological turn, this article explores the recognition of nature as both a victim and a witness to the Colombian armed conflict, as framed by the Commission for the Clarification of Truth, Coexistence, and Non- Repetition. The analysis is based on an in-depth review of the report When the Birds Did Not Sing, supplemented by an examination of other volumes of the Truth Commission’s Final Report and its extensive supplementary materials. It also incorporates transcripts of numerous testimonies collected by the Commission and rulings from other institutions that recognize nature or territory as subjects of rights and as victims. The findings reveal that the Commission adopted no singular understanding of nature. Among the multiple interpretations it offers, the most compelling considers nature as a witness to the harm inflicted upon it. This perspective is rooted in (i) the relational ontologies of campesino, Indigenous, and Afro-Colombian communities who testified; (ii) the political dimension of these ontologies, which positions harm and reparation as contested and negotiable within worlds that are “more than one and less than many”; and (iii) the notion that nature itself testifies, as the production and interpretation of signs is an inherent property of life. Ultimately, the article argues that the Commission shifts the question from “Can nature speak?” to “Can we listen to it?”
Com base nas premissas da virada ontológica, neste artigo, interpreta-se o reconhecimento da natureza como vítima e testemunha do conflito armado colombiano pela Comissão para o Esclarecimento da Verdade, Coexistência e Não Repetição. Para cumprir esse propósito, foi realizada uma leitura exaustiva do relatório Cuando los pájaros no cantaban, que foi complementada pela leitura de outros volumes do Relatório Final da Comissão da Verdade e pela escuta e visualização de seu extenso material suplementar; também foram revisadas as transcrições de numerosos testemunhos coletados por essa instituição e foram consultadas várias sentenças e autos de outras entidades que reconhecem a natureza ou o território como sujeito de direitos e como vítima. A partir dessa revisão, constatou-se que a Comissão não tem uma compreensão homogênea da natureza e que, entre as múltiplas interpretações que propõe, a mais interessante é a que nos permite pensar na natureza como testemunha do dano que lhe foi infligido. Essa interpretação não é uma invenção da Comissão, mas se baseia (i) no caráter relacional das ontologias das sociedades camponesas, indígenas e afro-colombianas que testemunharam, (ii) no caráter político dessas ontologias, o que torna necessário considerar que o dano e a reparação são objeto de disputa e negociação em mundos que são mais do que um e menos do que muitos, e (iii) que a própria natureza testemunha, uma vez que a produção e a interpretação de sinais são uma propriedade imanente da vida. Por fim, argumenta-se que a Comissão faz uma mudança da pergunta “A natureza pode falar?” para a pergunta “Podemos ouvi-la?”.