En un contexto de escalada de extractivismos en América Latina, se produce un fenómeno que nos interpela. La feminización de las luchas recoloca los focos sobre la articulación del extractivismo, la colonialidad y el patriarcado, y su responsabilidad en la crisis ecológica y climática actual. En este artículo me aproximaré a un ejemplo paradigmático de esas luchas, para analizar las transformaciones en el patriarcado, sin olvidar el componente racista y colonial que lo atraviesa. Presentaré al colectivo Mujeres Amazónicas Defensoras de la Selva (de Ecuador), por el protagonismo que adquieren los debates de género en su agenda, por los efectos desestabilizadores del sistema sexo-género que supone su propia emergencia como sujeto político y porque su propuesta de selva viviente (kawsak sacha) nos permite pensar de otro modo la naturaleza y nuestra relación con esta. En primer lugar, expondré el proceso de emergencia junto con sus principales estrategias políticas; en segundo lugar, los efectos de la selva viviente, como concepto y método; en tercer lugar, analizaré su agenda a partir de la idea clave de cuerpo-territorio, para finalizar con la conclusión de que son un colectivo con alto potencial transformador. La defensa de la propuesta legal kawsak sacha, con la que las Amazónicas llenan de contenido su rol de voceras de derechos, apuntala los debates sobre la ética nosocéntrica, la membresía política extendida de las indígenas o la reconstrucción de los relatos de la naturaleza en plena era tecnológica. Esto, articulado con su agencia y autoridad epistémica desde su posición situada de mujeres indígenas amazónicas, ha cambiado el juego político en todos sus niveles.
Amid the intensification of extractivist activities in Latin America, a transformative phenomenon demands attention: the feminization of resistance struggles. This shift foregrounds the entanglement of extractivism, coloniality, and patriarchy, revealing their shared role in driving the ongoing ecological and climate crisis. This paper delves into a paradigmatic example of these struggles, examining how they challenge and reshape patriarchal structures while acknowledging the colonial and racist dynamics embedded within them. I focus on the Ecuadorian collective Mujeres Amazónicas Defensoras de la Selva (Amazonian Women Defenders of the Rainforest) for their critical integration of gender debates into their agenda, their disruption of the sex-gender system through their emergence as a political subject, and their innovative proposal of the living forest (Kawsak Sacha), which reimagines nature and our relationship to it. First, I outline the collective’s formation and its primary political strategies. Second, I explore the living forest both as a concept and a methodological approach. Third, I analyze their agenda through the central notion of the body-territory connection. Finally, I argue that this collective represents a profoundly transformative force. Their defense of Kawsak Sacha as a legal framework enriches discussions on relational ethics, broadens the political inclusion of Indigenous women, and redefines narratives about nature in an increasingly technological era. Through their situated agency and epistemic authority as Indigenous Amazonian women, the Mujeres Amazónicas have redefined political resistance, introducing a powerful challenge to extractivist systems and transforming the political landscape at every level.
Em um contexto de escalada do extrativismo na América Latina, está ocorrendo um fenômeno que nos desafia. A feminização das lutas coloca novamente em evidência a articulação entre o extrativismo, a colonialidade e o patriarcado, e sua responsabilidade pela atual crise ecológica e climática. Neste artigo, abordo um exemplo paradigmático dessas lutas, a fim de analisar as transformações no patriarcado, sem esquecer o componente racista e colonial que o atravessa. Apresento o coletivo Mujeres Amazónicas Defensoras de la Selva (Equador), por causa da proeminência dos debates de gênero em sua agenda, dos efeitos desestabilizadores do sistema de sexo-gênero que a própria emergência delas como sujeito político acarreta e porque sua proposta de uma floresta viva (kawsak sacha) nos permite pensar de forma diferente na natureza e em nossa relação com ela. Em primeiro lugar, apresento o processo de surgimento, juntamente com suas principais estratégias políticas; em segundo lugar, os efeitos da floresta viva, como conceito e método; em terceiro lugar, analiso sua agenda com base na ideia-chave de corpo-território, para concluir que se trata de um coletivo com alto potencial transformador. A defesa da proposta jurídica kawsak sacha, com a qual as mulheres Amazônicas preenchem de conteúdo seu papel de porta-vozes de direitos, sustenta os debates sobre a ética nosocêntrica, sobre a adesão política ampliada das mulheres indígenas e sobre a reconstrução das narrativas da natureza em meio de uma era tecnológica. Isso, articulado com sua agência e autoridade sistêmica a partir de sua posição situada como mulheres indígenas da Amazônia, mudou o jogo político em todos os níveis.