Henrique Brum
The recent attack to the satirical Newspaper Charlie Hebdo, which had a religious motivation, seems to have put Europe in a stormy path. Nevertheless, the scenario is cloudy in Brazil, too. We have witnessed in the last decades a rise in the cases of religious intolerance. Besides, the rise of religious parliamentary groups in the legislative realms throughout the country have been posing challenges for our understanding of what means to be a secular state. However, at least at the academic level, the debate about what kind of society and secular state we want must be framed by a background normative theory, from which conclusions about the admissibility or not of certain practices in the public realm may be reached. And, due to its singularity and influence, Habermas approach naturally emerges as a good potential candidate. The goal of this article is to show that, despite its many virtues, the habermasian position is not a good normative background theory for the framing of such debates in Brazil. To do so, I will show in detail his position, what then will lead me to clarify the importance that some considerations about the so called Axial Ageexert over the German thinker. I argue that the analysis provide us with arguments for rejecting the use of Habermas‟ model to the Brazilian case.
O recente ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo, que teve motivação religiosa, parece ter colocado a Europa em um caminho intempestivo. Porém, também no Brasil o cenário é nebuloso. Temos presenciado nas últimas décadas um aumento nos casos de intolerância religiosa. Ademais, a ascensão de bancadas religiosas nos espaços legislativos de todo o país vêm colocando desafios para nosso entendimento sobre o que significa ser um Estado Laico. Porém, ao menos no nível acadêmico, o debate sobre que tipo de sociedade e Estado Laico queremos ser precisa ser estruturado por uma teoria normativa de fundo, a partir da qual conclusões sobre a admissibilidade ou não de certas práticas no espaço público podem ser traçadas. E, por sua singularidade e influência, a abordagem de Habermas surge naturalmente como uma boa potencial candidata. O objetivo desse artigo é mostrar que, apesar de seus muitos méritos, a posição habermasiana não é uma boa teoria normativa de fundo para a estruturação destes debates no Brasil. Para tanto, explicitarei a detalharei tal posição, o que, em seguida, me levará a esclarecer a importância que considerações sobre a chamada Era Axial exercem sobre o pensador alemão. Argumento que a análise nos fornece argumentos para rejeitarmos a aplicação do modelo de Habermas ao caso brasileiro