O trágico é uma forma de expressão artística que lida com a representação de eventos e situações que são marcados pela inevitabilidade e tem sua tradição na filosofia grega antiga, especialmente nas obras de Aristóteles e Sófocles. Assim, o termo trágico surge para qualificar as produções artísticas nas quais a presença de características primordiais da tragédia grega faz-se notória, independentemente de terem sido escritas para serem encenadas, visto que o trágico não se revela de maneira sempre igual. Diante disso, o objetivo deste trabalho é demonstrar como o duplo, um elemento recorrente na literatura fantástica, desempenha um papel significativo na construção do trágico, que se entrelaça com o misterioso, em diferentes contextos do romance Elza e Helena (1949), de Gastão Cruls e que, muitas vezes, não se manifesta apenas na existência do duplo, mas na maneira como as personagens lidam com essa presença, criando uma atmosfera densa e intrigante na obra, explorando os aspectos da psique humana.