Enos André de Farias, Anna Christina Freire Barbosa, Clecia Simone Gonçalves Rosa Pacheco
Este artigo explora a interseção entre a história e os saberes tradicionais por meio de uma análise da Ecologia Humana no Quilombo Sítio Araçá, investigando como o conhecimento e as práticas culturais influenciam as relações locais, contextualizando-o com o processo histórico de formação da região do Sertão do São Francisco. O objetivo foi compreender as formas pelas quais esses saberes sustentam a convivência entre os habitantes e seu entorno natural, preservando ecossistemas e promovendo a relação sustentável com os recursos naturais, assim como com as adversidades causadas pelas mudanças climáticas. Para tanto, utilizou-se uma abordagem metodológica qualitativa, com entrevistas realizadas com moradores e lideranças locais, e pela observação participante, que permitiu imersão nas práticas cotidianas que articulam o conhecimento histórico-cultural. A análise do material empírico foi realizada pela perspectiva histórica e da Ecologia Humana, buscando compreender como tradição e memória coletiva se manifestam na interação com formas de convivência com o Semiárido brasileiro. Os resultados indicam que os saberes dos mais velhos, transmitidos oralmente, desempenham papel central na preservação dos costumes, oferecendo alternativas para enfrentar desafios contemporâneos de manutenção da identidade local. Também se percebeu o distanciamento do poder público municipal com questões estruturais da Comunidade, e a importância dos programas governamentais de transferência de renda, na promoção da dignidade e da cidadania das famílias, e da segurança alimentar e nutricional das crianças. O estudo ressalta a importância do reconhecimento e da valorização desses saberes no debate sobre sustentabilidade e políticas públicas voltadas à conservação ambiental no território quilombola Sítio Araçá.