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Grupos que praticam religiões de matriz afro-brasileira consideram os vegetais como fator de destaque no seu relacionamento com o meio e possuem amplo conhecimento popular acerca desses organismos. Nesse contexto, o presente estudo avaliou a versatilidade e importância das plantas medicinais utilizadas em duas comunidades religiosas afro-brasileiras Fortaleza-CE. Foram empregadas entrevistas semiestruturadas com dez participantes destas comunidades. As plantas indicadas foram coletadas, identificadas e as informações aplicadas na fórmula adaptada do Índice de Significado Cultural de Turner. As 95 espécies de plantas são conhecidas pelos informantes como medicinais ou litúrgicas. Desse total, as espécies foram mencionadas para fins religiosos, medicinais, tanto para os dois fins como só para os místico-religiosos. As espécies citadas estão distribuídas em dez categorias de uso, basicamente relacionadas ao emprego litúrgico. O maior número de citações é para as espécies compradas em mercados e casas especializadas, enquanto as demais citações foram para plantas cultivadas em residências; matas, terrenos baldios e ruas. Todas as partes do vegetal foram indicadas para uso, seja medicinal ou místico-religioso, tendo a folha como o órgão mais citado, seguida do fruto, haste e semente e os demais órgãos são menos utilizados, como flor, planta inteira e entrecasca, tendo ainda os menos comuns raiz e a seiva. As famílias com maior riqueza de espécies foram Lamiaceae, acompanhada de Poaceae, Malvaceae e Anacardiaceae. Conclui-se que comunidades religiosas afrodescendentes podem possuir um expressivo conhecimento da diversidade dos recursos vegetais.
