Antônio Joaquim Pereira Neto
Este artigo analisa o revisionismo estético proposto por escritores como Mário de Andrade e Oswald de Andrade na semana de arte moderna do Brasil, ocorrida em 1922 na cidade de São Paulo, bem como a resposta dada a essa conjuntura pelo escritor Graciliano Ramos, cujas concepções de verossimilhança e de experimentalismo na literatura convergem para uma intervenção no campo da ficção que coloca em discussão os fundamentos convencionais constitutivos das vanguardas modernistas. Evidencia-se, então, em que medida o autor de “Vidas secas” realiza uma crítica à experimentação linguística proposta pelo programa modernista, sobretudo quando ela perde de vista a verossimilhança enquanto objetivo a ser buscado pela literatura produzida no Brasil neste período, marcada por uma tendência empenhada, de protesto e denúncia social, ou seja, por uma leitura crítica das contradições sociais surgidas no seio de uma modernidade política e econômica nacional conservadora que não promoveu a integração dos segmentos sociais desfavorecidos.