Ana Guglielmucci, Francisca Márquez Belloni
Este artículo explora el poder político de las ruinas y la memoria en el proceso de desestabilización de la narrativa histórico-nacional en Colombia y Chile. El análisis de archivos y fotografías, y el trabajo de campo etnográfico en torno a los Palacios de Justicia (Bogotá) y La Moneda (Santiago), ambos bombardeados e incendiados, permite destacar el rol que sus ruinas y escombros ha tenido en las disputas en torno a su reinterpretación contemporánea. Las ruinas de ambos Palacios son pensadas no solo desde la perspectiva de la destrucción de bienes materiales y vidas humanas, sino también desde la situación provocada por dicha catástrofe y pérdida. En este sentido, ellas son comprendidas en un sentido físico, pero también y, sobre todo, en un sentido histórico-político, simbólico y afectivo. La destrucción que origina la ruina es considerada así por lo que ella produce o habilita debido a la pérdida, como la fundación de nuevas creaciones y sentidos políticos asociados a la materialidad y al espacio que ella ocupa, tanto en la trama urbana como en el debate público. Esto, porque las ruinas permanecen y, como espectros, ellas son siempre un modo de aparecer y, por cierto, de interrogar y cuestionar. Las ruinas abren la posibilidad de recordar al inscribir la experiencia en una materialidad donde aún podemos reconocer lo sucedido, y funcionan como nodos donde se expresan las fisuras de una memoria herida. El estudio de las ruinas de la violencia política y sus imágenes permiten, por lo tanto, analizar cómo se configuran “memo-paisajes”, entendidos como un terreno social en el que se libran batallas para recordar de manera pública. La tesis central del texto es que estas dos edificaciones son materialidades desde las cuales se ponen en escena conmemoraciones y acciones de duelo colectivo, y se asigna un sentido político a emociones tales como el dolor y a la búsqueda de justicia en torno a eventos pasados violentos y controversiales.
This article addresses how ruins and memory have the power to destabilize the national narrative in Colombia and Chile. Based on archives, photographs, and ethnographic fieldwork about the Palaces of Justice (Bogotá) and La Moneda (Santiago de Chile), the article analyzes the role of ruins and the rubble in the disputes about the interpretation of these events. The ruins of both Palaces are thought not only from the perspective of the destruction of material goods and human lives, but also from the situation caused by such catastrophe and loss. In this sense, they are understood in a physical sense, but also, and above all, in a historical-political, symbolic, and affective sense. The destruction caused by the ruin is thus considered for what it produces or enables due to the loss, as the foundation of new creations and political meanings associated with materiality and the space it occupies, both in the urban fabric and in the public debate. Thus, the ruins remain and, like specters, they are always a way of appearing and, by the way, of interrogating and questioning. The ruins open up the possibility of remembering by inscribing the experience in a materiality where we can still recognize what happened, and function as nodes where the fissures of a wounded memory are expressed. The study of the ruins of political violence and its images allow, therefore, to analyze how “memo-landscapes” are configured, understood as a social terrain where battles are waged to remember publicly. The main hypothesis is that these two edifications have a materiality that enables the political performance of emotions as pain, as well as the political achievement of collective grief and the search for justice about the past.
Este artigo explora o poder político das ruínas e da memória no processo de desestabilização da narrativa histórico-nacional na Colômbia e no Chile. A análise de arquivos e fotografias e o trabalho de campo etnográfico em torno dos Palacios de Justicia (Bogotá) e La Moneda (Santiago), ambos bombardeados e queimados, permitem destacar o papel que suas ruínas e destroços tiveram nas disputas ao redor de sua reinterpretação contemporânea. As ruínas de ambos os Palácios são pensadas não só na perspectiva da destruição de bens materiais e de vidas humanas, mas também na situação provocada pela referida catástrofe e perda. Nesse sentido, as ruínas são entendidas no sentido físico, mas também e sobretudo no sentido histórico-político, simbólico e afetivo. A destruição causada pela ruína é assim considerada pelo que ela produz ou possibilita através da perda, como fundamento de novas criações e significados políticos associados à materialidade e ao espaço que ela ocupa, tanto no tecido urbano como no debate público. Pois as ruínas permanecem e, como os espectros, são sempre uma forma de aparecer e, de fato, de questionar e interrogar. As ruínas abrem a possibilidade de lembrar inscrevendo a experiência em uma materialidade onde ainda podemos reconhecer o que aconteceu, e funcionam como nós onde as fissuras de uma memória ferida são expressas. O estudo das ruínas da violência política e de suas imagens nos permite, portanto, analisar como se configuram as “paisagens memoriais”, entendidas como um terreno social no qual se travam batalhas para recordar de forma pública. A tese principal é que esses dois edifícios são materialidades a partir das quais são encenadas as comemorações e ações coletivas de luto, e um sentido político é atribuído a emoções como a dor e a busca de justiça em torno de acontecimentos violentos e polêmicos passados.