En el 2016, cuando se buscaba tramitar un pacto social entre el gobierno de Colombia y una de las guerrillas del país por medio de votación popular, surgió una controversia pública por temas de sexo y género; al principio, parecía un escueto intento de comunidades conservadoras por mantener un cierto orden moral. Sin embargo, estas controversias inundaron los medios de comunicación y se masificó el término ideología de género, que empezó a ser usado como una herramienta estratégica por algunos líderes religiosos y políticos que apoyaban el No en el plebiscito.
Del surgimiento público del término ideología de género y su relación con el plebiscito por la paz en Colombia se ha dicho mucho. Aun así, creo importante reflexionar en torno a la relación entre afectos, moral y la construcción de lo público. Intento demostrar que algunas posturas homofóbicas ven al otro no como un opuesto, sino como un “necesitado de”. Poner el lente en ese tema permitirá pensar en las motivaciones que tendrían algunos líderes de los activismos conservadores, más allá de percibir sus movimientos sociales exclusivamente como estrategias políticas.
El artículo se divide en seis grandes aparatados. En un primer momento revisaré los conceptos de afecto y moral. Posteriormente, narraré dos historias: la de Nerú Martínez, un fiel creyente de la iglesia neopentecostal El Lugar de Su Presencia, que dice haber dejado la homosexualidad para encontrarse con Dios y ser feliz; y la de Sergio Urrego, un chico de 16 años, autodeclarado queer, que se suicidó por la discriminación sufrida en su colegio. El cuarto y quinto apartado se dedican a conceptualizar el término ideología de género a partir de investigaciones previas, así como de las voces de católicos y cristianos. En el último momento exploro algunas vías teóricas, apoyándome y discutiendo sobre las reflexiones previas frente al tema.
In 2016, Colombian’s government was trying to endorse a peace agreement with one of the country's guerrillas by popular vote. At that time, a public controversy arose over issues of sex and gender. At first, it seemed like a fragile attempt by conservative communities to maintain a determined moral order. However, these controversies increased, and the term gender ideology began to be used by some politics and religious leaders who supported the "No" to the plebiscite.
Many things had been said about the public emergence of the term gender ideology and its relationship with the plebiscite for peace in Colombia. Even so, I think it is important to reflect on the relationship between emotions, morals, and the construction of the public. I try to show that some homophobic positions see the other not as an opposite, but as a "needy". Putting the lens on this issue will allow us to think about the motivations that some leaders of conservative activism would have, beyond perceiving their social movements exclusively as political strategies.
The article is divided into six sections. In the first part, I will review the concepts of emotion and moral. After, I will tell two tales: the story of Nerú Martínez, a faithful believer in the neo-Pentecostal church El Lugar de Su Presencia, who claims to have left homosexuality to meet God and be happy. And Sergio Urrego, a 16-year-old boy, who committed suicide due to discrimination suffered at his school. In the fourth and fifth sections I conceptualize the term gender ideology based on previous researches and the voices of Catholics and Christians. Finally, in the last section, I explore some theoretical paths, supporting me, and discussing the previous reflections on the subject.
No 2016, quando foi tentado fazer um pacto social entre o governo colombiano e uma das guerrilhas do país por meio do voto popular, abrolhou uma polêmica pública sobre questões de sexo e gênero; no princípio, isso pareceu uma tentativa básica por parte das comunidades conservadoras de manter uma certa ordem moral. No entanto, essas polêmicas foram passadas pela mídia e o termo ideologia de gênero se generalizou, passando a ser utilizado como ferramenta estratégica por algumas lideranças religiosas e políticas que apoiavam o voto pelo “não” no plebiscito.
Muito se tem falado sobre o surgimento público do termo ideologia de gênero e sua relação com o plebiscito pela paz na Colômbia. Mesmo assim, acho importante refletir sobre a relação entre as emoções, a moral e a construção do público. Aqui, eu procuro mostrar que algumas posições homofóbicas percebem as outras não como um oposto, mas como um “carente de”. Colocar o foco nessa questão nos permitirá pensar sobre as motivações que teriam algumas lideranças de ativismos conservadores, e assim perceber seus movimentos sociais não exclusivamente como estratégias políticas.
O artigo está dividido em seis seções principais. Na primeira, eu reviso os conceitos de afeto e moral. Na segunda e na terceira, eu narro duas histórias: a de Nerú Martínez, fiel crente da igreja neopentecostal El Lugar de Su Presencia, que afirma ter deixado a homossexualidade para encontrar Deus e ser feliz; e a de Sergio Urrego, um menino de 16 anos, que se autodeclarou gay, que se suicidou devido à discriminação sofrida em sua escola. A quarta e a quinta sessões são dedicadas a conceituar o termo ideologia de gênero com base em pesquisas anteriores e nas vozes de religiosos católicos e cristãos. Na sexta, eu exploro alguns caminhos teóricos, apoiando-me e discutindo minhas reflexões anteriores sobre o assunto.