Fabiola de Lachica Huerta
Este artículo explora cómo los lugares se modifican después de un acontecimiento violento y cómo estas modificaciones permean la vida cotidiana en contextos donde se convive con distintas formas de violencia. A partir de 39 entrevistas realizadas entre 2015 y 2019 que reaccionaron de distintas maneras ante de la masacre de Villas de Salvárcar en Ciudad Juárez, México en 2010, propongo la categoría de lugar violentado para analizar las estrategias y significados que se desmontan al vivir en contextos de violencia. El lugar violentado es aquel en donde suceden los hechos, pero es también una representación donde las personas que no fueron afectadas por el hecho pueden situarse. Analizo la casa como lugar violentado desde tres dimensiones que permiten ver los cambios de usos y significados después de un acontecimiento violento: 1) la construcción de los límites del afuera y los otros antes de la masacre y cómo esto contribuye a la sensación de riesgo; 2) la casa como escena del crimen que permite la empatía de otras personas; 3) la casa como recuerdo del dolor, de la vulnerabilidad y el reflejo de una realidad compartida por una ciudad. Argumento que estas modificaciones a los usos y significados de los lugares, permite ver una dimensión más de la vida en contextos de violencia donde los mecanismos de supervivencia no alcanzan y requieren redefinirse constantemente.
This article explores how places are modified after a violent event and how these changes are experienced in the everyday life of places where different forms of violence coexist. Based on 39 in-depth interviews with journalists and activists who responded to the Villas de Salvárcar massacre in Ciudad Juárez, México in 2010, I propose the concept of ‘violated place’ to analyze strategies and meanings that are assembled for those living in violent contexts. A violated place is a site where violent events emerge and subsequently work as representations through which people can relate even if they did not directly experience the event. I analyze violated places through three dimensions of meaning-making after a violent event: 1) boundary-making through the notion of inside and the relation to others before the massacre and how this contributes to perceptions of risk; 2) the house as a crime scene that challenges notions of empathy; and 3) the house as a memory of vulnerability, grief, and as a collective memory in the city. I argue that changes in the use and meanings of places allow us to see other dimensions of living in violent contexts where strategies to survive are not enough and require frequent redefinition. Studying violated places allows for a novel way of locating violent events in time and space. This approach is relevant to the violence studies literature because it considers space as a distinctive part of broader violent dynamics and sheds light on specific transformation of spaces through violence and after violent events. This approach contributes to other ways of looking at urban violence in Latin America by focusing on risk, danger, and violent events as social phenomena with unclear material and symbolic boundaries.
Este artigo explora como os lugares se transformam depois de um acontecimento violento e como essas transformações permeiam a vida cotidiana em contextos em que distintas formas de violência coexistem. A partir de 39 entrevistas realizadas entre 2015 e 2019 com sujeitos políticos que reagiram de distintas maneiras ao massacre de Villas de Salvárcar em Ciudad Juárez, México, em 2010, proponho a categoria de lugar violentado para analisar as estratégias e significados que se desmontam ao viver em contextos de violência. O lugar violentado é aquele no qual sucedem os fatos e, ao mesmo tempo, também é uma representação onde as pessoas que não foram afetadas pelo fato podem se situar. Analiso a casa como lugar violentado a partir de três dimensões que permitem ver as mudanças de usos e significados após um acontecimento violento: 1) a construção dos limites do fora e dos outros antes do massacre e como isso contribui para a sensação de risco; 2) a casa como cena do crime que permite a empatia de outras pessoas; 3) a casa como lembrança da dor, da vulnerabilidade e o reflexo de uma realidade compartilhada por uma cidade. Argumento que estas transformações dos usos e significados dos lugares permitem ver outra dimensão da vida em contextos de violência onde os mecanismos de sobrevivência não são suficientes e requerem redefinições constantes. O estudo dos lugares violentados propõe uma maneira nova para situar um fato violento no tempo e no espaço. Essa abordagem é útil para os estudos de violência porque permite pensar como a violência transforma o espaço em vez de olhar para o espaço como parte intrínseca de fatos violentos. Esse enfoque abre linhas de pesquisa para além da violência urbana na América Latina para pensar como risco, perigo e fatos imprevisíveis podem cruzar fronteiras físicas e simbólicas que implicam na ressignificação dos espaços e lugares.