Hugo José Dutra Soares Filho, Ana Maria de Santana
Trata-se de um estudo com profissionais de psicologia atuantes nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). A intenção foi de redimensionar o horizonte compreensivo da prática psicológica em ações clínicas junto a atores sociais em crise. A metodologia recorreu aos procedimentos da Pesquisa Qualitativa de natureza fenomenológica ao lume da Fenomenologia Hermenêutica. Os participantes foram psicólogos que atuam nos CAPS, no Agreste de Pernambuco. Critérios de inclusão: psicólogos que atuam nos CAPS, em saúde pública, excluídos aqueles que não exerciam a prática até cinco anos. Os recursos metodológicos utilizados na coleta de dados foram a Entrevista Narrativa e o Diário de Campo. A Hermenêutica Filosófica de Gadamer serviu à compreensão dos dados narrativos dos participantes investigados. À guisa de consideração, o estudo revelou que as práticas em saúde nos CAPS são legitimadas a partir dos modelos biomédico e psicossocial. Considerou a ineficiência deles ante a experiência de sofrimento de usuários que demanda compreensão a partir de um viés à luz da ontologia humana. Sendo assim, as contribuições da Fenomenologia Hermenêutica podem fertilizar práticas em saúde, vez que assinalam o cuidado, enquanto existenciário do ser do homem, contribuindo para uma clínica sensível na tarefa de acompanhar o usuário em tecer a si, numa existência autêntica que deixa evidente suas escolhas. Por fim, considera-se; a relevância da tensão entre teoria e prática no horizonte das intervenções em saúde mental em que psicólogos e usuários do serviço são lançados. Cabe ao paciente resgatar o que lhe seja próprio e ao terapeuta acompanhá-lo no encaminhar-se rumo a si. Sendo assim, psicólogos do CAPS fazem de sua práxis o caminho ao caminhar com outros usuários/viajantes que lhes pedem amparo na existência.