Roberta Aline Oliveira Guimarães
Aunque es natural que la teoría y la práctica estén desfasadas, lo que vemos a menudo en la sociedad brasileña es un verdadero abismo entre la práctica y la legislación, incluida la noción de igualdad. De esta forma, aunque la Constitución de la República Federativa de Brasil de 1988, en su artículo 5º, garantice el derecho a la igualdad, estableciendo que todos son iguales ante la ley, sin distinción de ningún tipo, podemos ver que la sociedad brasileña está marcada por rasgos jerárquicos, ya señalados por DaMatta (1997). Este escenario, representativo de una brecha entre el país real y el país ideal, viene de lejos y puede ilustrarse con la Constitución Imperial de 1824, que ya preveía y valoraba la libertad, aunque se tratase de una sociedad esclavista, con la antinomia de «libertad y esclavitud». La distancia entre las leyes y las prácticas sociales nos lleva a naturalizar el trato desigual, impidiéndonos reflexionar sobre los rasgos jerárquicos que impregnan el país. Por ello, este artículo propone una reflexión sobre la (in)igualdad en Brasil, a partir de comportamientos jurídicos y legales naturalizados por la sociedad.
Although it is natural for theory and practice to be out of step, what we often see in Brazilian society is a real chasm between practice and legislation,including with regard to the notion of equality. Thus, although the Constitution of the Federative Republic of Brazil of 1988, in its 5th article, guarantees the right to equality, establishing that everyone is equal before the law, without distinction ofany kind, we can see that Brazilian society is marked by hierarchical traits, already pointed out by DaMatta (1997). This scenario, representative of a gap between the real country and the ideal country, goes back a long way and can be illustrated by the Imperial Constitution of 1824, which already provided for and valued freedom, even though we were dealing with a slave society, with the antinomy of “freedom and slavery”. The distance between laws and social practices leads us to naturalize unequal treatment, preventing us from reflecting on the hierarchical traits that pervade the country. In this way, this article proposes a reflection on (un)equality in Brazil, based on judicial and legal behaviours that are naturalized by society.
Embora seja natural que a teoria e a prática possuam descompassos, o que se verifica na sociedade brasileira, muitas vezes, é um verdadeiro abismo entre as práticas e a legislação pátria, inclusive, no que diz respeito à noção de igualdade. Desta maneira, embora a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu artigo 5º, caput, assegure o direito à igualdade, estabelecendo que todos “são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza...”, podemos observar que a sociedade brasileiraé marcada por traços hierárquicos, já assinalados por DaMatta (1997). Este cenário, representativo de um hiato entre o país real e o país ideal, vem de tempos remotos, podendo ser ilustrado pela Constituição Imperial de 1824, cuja previsão e valoração da liberdade já vigorava, muito embora nos tratássemos de uma sociedade escravocrata, com a antinomia “liberdade e escravidão”. O distanciamento das leis com relação às práticas sociais faz com que naturalizemos o próprio tratamento desigual, impedindo-nos derefletir sobre os traços hierárquicos que tomam conta do país. Deste modo, o presente artigo propõe uma reflexão sobre a (des)igualdade no Brasil, a partir de comportamentos judiciais e legais naturalizados pela sociedade.