Santiago de Compostela, España
En los últimos tiempos, la autoficción está cobrando cada vez un mayor auge en el panorama literario. A pesar de que también se ha encuadrado en la “literatura del yo”, este tipo de textos no se limitan a narrar únicamente a quien los escribe, pues contando sus experiencias, los y las autoras describen y relatan a los demás. Es ahí donde los problemas jurídicos pueden surgir. En este artículo nos adentraremos en el género líquido de la autoficción, con numerosos ejemplos de obras pasadas y recientes, para analizar las contiendas que pueden surgir entre la libertad de creación literaria y los derechos de la personalidad de los retratados en una obra. Nos apoyaremos en algunos casos llegados hasta los tribunales españoles y extranjeros para delimitar y ponderar los derechos involucrados, y veremos hasta qué punto pueden aplicarse criterios de veracidad, de originalidad creativa, o de reconocimiento por parte de los lectores de los personajes supuestamente ficticios en personas reales. También nos detendremos en las llamadas “cláusulas de ficción” insertas en algunas de las obras de autoficción, cuya eficacia ya ha sido cuestionada en algún caso por los tribunales.
In recent times, autofiction is becoming increasingly popular in the literary scene. Although it has also been framed as “literature of the self”, this type of text is not limited to narrating only the writer, because by telling their experiences, authors describe and narrate others. This is where legal problems can arise. In this article we will explore the liquid genre of autofiction, with numerous examples of past and recent works, to analyze the conflicts that can arise between the freedom of literary creation and the personality rights of those portrayed in a work. We will rely on some cases that have reached the Spanish and foreign courts to delimit and weigh the rights involved, and we will see to what extent criteria of veracity, creative originality, or recognition by the readers of the supposedly fictitious characters in real people can be applied. We will also examine the so-called “fiction clauses” inserted in some works of autofiction, whose effectiveness has already been questioned in some cases by the courts.
Nos últimos tempos, a autoficção tem ganhado cada vez mais popularidade no cenário literário. Apesar de também ter sido enquadrada no âmbito da “literatura do eu”, esse tipo de texto não se limita a narrar apenas quem os escreve, pois, ao contar suas experiências, autores e autoras também descrevem e relatam os demais. É com relação a esse aspecto que podem surgir problemas legais. Neste artigo, vamos nos aprofundar no gênero líquido da autoficção, com inúmeros exemplos de obras menos e mais recentes, para analisar os conflitos que podem surgir entre a liberdade de criação literária e os direitos de personalidade dos retratados em uma obra. Utilizaremos alguns casos que chegaram aos tribunais espanhóis e estrangeiros para delimitar e ponderar os direitos envolvidos e veremos até que ponto são aplicáveis os critérios de veracidade, de originalidade criativa ou de reconhecimento, por parte dos leitores, de pessoas reais em personagens supostamente fictícias. Abordaremos, também, as chamadas “cláusulas de ficção” inseridas em algumas das obras de autoficção, cuja eficácia já foi questionada pelos tribunais, em alguns casos.