Patrícia da Costa Teixeira, João Vítor Guimarães Farias, Ana Carolyna Silva Fontes, Perla Barboza da Silva Mesquita, Milton Domingues da Silva Junior
Objetivou-se discutir as dificuldades de pessoas trans em acessarem os serviços de saúde coletadas através de relatos coletados através do contato com perfis sociais de pessoas trans em ambientes virtuais. Utilizou-se uma abordagem quali-quantitativa por meio de entrevistas semiestruturadas com 15 pessoas trans. Os resultados apontaram o desrespeito ao nome social, a discriminação e o diagnóstico no processo transexualizador como principais limitações no acesso ao sistema de saúde. Afirma-se que a patologização e medicalização contribuem para ocultar a responsabilidade da heteronormatividade e do binarismo de gênero pela marginalização social das pessoas trans. Conclui-se que é necessário modificar o modelo de saúde centrado em doenças estigmatizadas, principalmente, as sexualmente transmissíveis, já que a existência de uma patologia prévia não é requisito para acessar a saúde, devendo ser esta a propulsora de um serviço de saúde: universal, equânime, com vigente participação social (participação trans na construção da saúde) e referência ao acolhimento, ambiência e encontro entre usuários e profissionais, requisitos essenciais para longitudinalidade do cuidado. Aponta-se, também, a importância de elaborar programas de educação e campanhas permanentes sobre o direito de acesso ao sistema de saúde livre de discriminação, com uso do nome social e de práticas transcendentes as dimensões físicas.
The objective was to discuss the difficulties of trans people in accessing health services collected through reports collected through contact with social profiles of trans people in virtual environments. A qualitative-quantitative approach was used through semi-structured interviews with15 trans people. The results pointed to disrespect for the social name, discrimination and diagnosis in the transsexualization process as the main limitations in access to the health system. It is stated that pathologization and medicalization contribute to hiding the responsibility of heteronormativity and gender binarism for the social marginalization of trans people. It is concluded that it is necessary to modify the health model centered on stigmatized diseases, mainly sexually transmitted diseases, since the existence of a previous pathology is not a requirement for accessing health care, and this should be the driver of a health service: universal , equitable, with current social participation (trans participation in the construction of health) and reference to reception, ambience and meeting between users and professionals, essential requirements for longitudinal care. It also highlights the importance of developing education programs and permanent campaigns on the right to access the healthcare system free from discrimination, using social names and practices that transcend physical dimensions.