Township of Winston, Estados Unidos
Este artículo analiza el largo proceso por medio del cual el Uruguay democratizado ha enfrentado su legado de violaciones a los derechos humanos. Central a tal proceso ha sido la naturaleza de las políticas transicionales uruguayas y su más reciente transformación parcial. Debido a la transición negociada hacia la democracia, las élites políticas civiles enfocaron el dilema de la transición de equilibrar normatividad y contingencia política por medio de un marco de inmunidad legal. Por años, ello impidió la adopción de iniciativas judiciales en casos de violaciones a los derechos humanos o lanzar una comisión oficial de la verdad, al contrario de su vecina Argentina. Una serie de factores nacionales e internacionales (producto de los esfuerzos de diferentes fuerzas políticas y sociales) finalmente abrieron nuevos terrenos institucionales para avanzar en una tardía rendición de cuentas y confrontación con el legado de la represión autoritaria. A pesar de avances destacados, incluso en el terreno judicial, los intentos por desafiar a la impunidad legal fracasaron tres veces, ya fuera a través de consultas populares o, más recientemente, en un voto parlamentario. En cada caso, el gobierno proyectó oficialmente una narrativa que sacralizaba el consenso y la reconciliación nacional sustentados por el voto popular y la adopción de una perspectiva que pregona dejar el pasado atrás.
This article analyses the protracted process by which democratised Uruguay has come to terms with its legacy of human rights violations. Central to this process has been the nature of Uruguayan transitional policies and their more recent partial unravelling. Due to the negotiated transition to electoral democracy, civilian political elites approached the transitional dilemma of balancing normative expectations and political contingency by promulgating legal immunity, for years avoiding initiatives to pursue trials or launch an official truth commission, unlike neighbouring Argentina. A constellation of national and transnational factors (including recurrent initiatives by social and political forces) eventually opened up new institutional ground for belated truth-telling and accountability for some historical wrongs – and yet, attempts to challenge the blanket legal impunity failed twice through popular consultation and in a recent parliamentary vote. Each time, the government officially projected a narrative that sacralised national consensus and reconciliation, now enshrined in two sovereign popular votes, and the adoption of a forward-looking democratic perspective.
Analisa-se o processo pelo qual o Uruguai democratizado lidou com seu legado de violações dos direitos humanos. A natureza das políticas de transição uruguaias e sua resolução parcial mais recente são centrais a este processo. Devido à transição para a democracia eleitoral negociada, diferente do que sucedeu na vizinha Argentina, as elites políticas civis abordaram o dilema da transição (de equilibrar as expectativas normativas e as contingências políticas) promulgando a imunidade legal, por anos evitando iniciativas de iniciar julgamentos ou abrir uma comissão da verdade oficial. Uma constelação de fatores nacionais e transnacionais, que incluiram recorrentes iniciativas partindo de forças sociais e políticas, por fim possibilitaram novas bases institucionais para relatos de verdades tardios que levaram à responsabilização por algumas injustiças históricas. Contudo, tentativas de desafiar a impunidade legal total através da consulta popular fracassaram duas vezes e, mais recentemente, foram derrotadas por voto parlamentar. Em cada ocasião o governo oficialmente projetou um discurso que sacralizou o consenso e a reconciliação nacional, hoje consagrados por dois votos populares soberanos e a adoção de uma perspectiva democrática que não está presa no passado.