El presente trabajo trata de poner de manifiesto la existencia de dos líneas diferenciadas de actuaciones que sustentan los fundamentos de la ciudadanía según ésta se produzca en el ámbito social o tenga como punto de interés el escenario educativo, promoviendo en ambos casos distintos modelos de organización que conducen a construcciones divergentes de la ciudadanía. A través del análisis de un conjunto de elementos seleccionados en el trabajo se evidencia una representación plural de ciudadanía que en marcos educativos responde a paradigmas políticos empeñados en reforzar la capacidad de gobernabilidad de sus actores mediante la configuración de una ciudadanía más competente en términos de empleabilidad e independencia. Mientras que en contextos sociales asistimos a un vaciado de significado del concepto de ciudadanía tal y como fue definido por Marshall (Marshall & Bottomore, 1998), fruto de políticas que han hecho una delegación de responsabilidades a sectores que han ido perdiendo su función política en el control y la gestión del capital social. Es precisamente la idea de la ciudadanía vehiculada con un concepto de autonomía revitalizado la que estaría recreando diferentes perfiles de la misma. Y es en la diversificación de discursos que conceptualizan la noción de autonomía donde radica el poder concedido a las instituciones educativas para desbloquear proyectos de participación política que permitan una ciudadanía más activa. Pero al mismo tiempo que algunas de las políticas educativas se expanden hacia desarrollos democráticos, otras actuaciones se polarizan hacia una autonomía bajo la que subyace una noción de ciudadanía cada vez más sometida a la dictadura del mercado cuyas premisas están favoreciendo sistemas de formación forjados en una cultura del emprendimiento
The aim of this study is to show the existence of two differentiated lines of action underlying the bases of citizenship according to how it takes place in the social context, or as a point of interest in education, in both cases promoting different organizational models that lead to divergent constructions of citizenship. Analysis of a set of selected elements shows a plural idea of citizenship that in some cases responds to political paradigms of educational governance that insist on reinforcing the governing capability of the actors by shaping a citizenry more competent in terms of employability and independence. In contrast, in social contexts we are witnessing a hollowing out of meaning of the concept of citizenship as defined by Marshall and Bottomore (1998), the result of policies that have delegated responsibilities to sectors that have gradually been losing their political function in the control and management of social capital. The diversification of the discourses underlying the conceptualization of the notion of autonomy is giving more power to educational institutions by unblocking projects of citizen participation to achieve a more active citizenship. At the same time that some educational policies are expanding towards democratic developments, others are becoming polarized towards a level of autonomy underlying which is a notion of citizenship ever more subjected to market dictates whose premises are fostering educational systems forged in the culture of entrepreneurship. In addition to the educational context, it is necessary to interpret the individualism and assistentialism (welfare) on which a new political subject would emerge in the social context, without disparaging the expectations that social movements are generating inasmuch as supports for community models of organization and construction.
O presente trabalho pretende destacar a existência de duas linhas diferenciadas de ações que sustentam os fundamentos da cidadania consoante a mesma se verifique no âmbito social ou tenha como ponto de interesse o cenário educativo, promovendo, em ambos os casos, diferentes modelos de organização que levam a construções divergentes da cidadania.Através da análise de um conjunto de elementos selecionados no trabalho, evidencia-se uma representação plural da cidadania, que, em âmbitos educativos, responde a paradigmas políticos que visam reforçar a capacidade de governabilidade dos seus atores através da configuração de uma cidadania mais competente em termos de empregabilidade e independência. Ao passo que, em contextos sociais, assistimos a um esvaziamento do significado do conceito de cidadania, tal como foi definido por Marshall (Marshall e Bottomore, 1998), fruto de políticas que delegaram responsabilidades a setores que foram perdendo a sua função política no controlo e na gestão do capital social. É, precisamente, a ideia da cidadania veiculada através de um conceito de autonomia revitalizado a que estaria a recriar diversos perfis da mesma. É na diversificação de discursos que concetualizam a noção de autonomia que reside o poder concedido às instituições educativas para desbloquear projetos de participação política, que permitam uma cidadania mais ativa. Mas, ao mesmo tempo que algumas políticas educativas se expandem para desenvolvimentos democráticos, outras ações convergem para uma autonomia sob a qual subjaz uma noção de cidadania cada vez mais sujeita à ditadura do mercado, cujas premissas estão a favorecer sistemas de formação forjados na cultura do empreendimento.