While studying the booksellers’ training ritual that takes place in the larger ritualized context of the Porto Alegre Book Fair, this article attempted to analyze the work conditions of book sellers during the Fair, as well as to identify the reasons behind their commitment or non-commitment with the event’s success. The hierarchical structure found in the local daily context is also present during the Fair; however, training focuses on the praise of knowledge, culture and working people.
Therefore, employees are encouraged to overlook any possibilities of criticizing work conditions in favor of the satisfaction to participate in such event. The ethnographic method, with participative observation techniques and interviews, was considered the most effective to analyze this space.
Results indicate that when a ritualistic connotation is given to training, marketing aspects are neglected and emphasis is placed on the pleasure of festive events and the sociability propitiated.
Thus, in spite of poor work conditions, booksellers give up even their basic needs so as to “delight” clients and, as a consequence, to sell better.
Esse artigo, ao estudar o ritual do treinamento de funcionários que ocorre dentro de uma situação ritualizada maior, qual seja, a Feira do Livro de Porto Alegre, buscou desvendar as condições de trabalho dos vendedores do setor livreiro em época de Feira, bem como, identificar as razões que contribuem para que eles se comprometam ou não com o sucesso do evento. A hierarquização presente no contexto cotidiano local se mantém por ocasião da Feira, porém, no treinamento, há um discurso que enaltece o saber, a cultura e os trabalhadores, deste modo eles são instados a abrir mão de toda e qualquer possibilidade de contestação ao que se refere às condições de trabalho em prol da alegria de participar em tal evento. Para que o desvendamento desse espaço pudesse se concretizar, o método etnográfico, aliado as técnicas da observação participante e de entrevistas, configurou-se como o mais adequado. Os resultados evidenciam que ao dar uma conotação ritualística para o treinamento, aspectos mercadológicos são escamoteados e a ênfase recai sobre a satisfação que as festas costumam propiciar, dada a sociabilidade aí inerente. Assim, a despeito das condições precárias de trabalho, os vendedores acabam por abrir mão até de suas necessidades básicas para “encantar” os clientes e, por via de conseqüência, concretizar mais vendas.