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José Miguel Camacho Castro
El concepto de Justicia se encuentra en el centro de las discusiones actuales de la filosofía política. Hans Kelsen, tal vez el jurista más importante del siglo XX trabajó el concepto desde perspectivas que hoy permanecen descuidadas. La escasa atención que ha recibido el concepto relativista de la justicia sostenido por Kelsen tiende a empobrecer las discusiones sobre la Justicia de hoy. Es por esto que se emprende aquí la relectura de la obra de Kelsen en torno al concepto mencionado. Así, se mostrarán un par de errores en su argumentación, no atribuibles naturalmente a su incapacidad sino a su afán por refutar las concepciones de Justicia que criticó ‒y que en este escrito llamaremos ‘las justicias imposibles’‒. Se revisará, en especial, la dificultad de su argumentación frente a Platón y se prestará especial atención a algunas implicaciones contradictorias del concepto de ‘Justicia de la tolerancia’, que opera como corolario de sus pensamientos al respecto.
The concept of justice is at the center of current discussions of political philosophy. Hans Kelsen, perhaps the most important twentieth century jurist who worked the concept from perspectives that remain neglected today. The scant attention that has received the relativistic concept of justice held by Kelsen tends to impoverish the discussion on Justice today. This is why it is undertaken here rereading Kelsen’s work around the concept mentioned. So, a couple of errors are displayed in their argument, not naturally attributable to their inability but his eagerness to refute the views of Justice he criticized in this paper ‒ which we call ‘impossible justices’‒. Particularly the difficulty of his argument against Plato is reviewed and special attention is given to some contradictory implications of the concept of ‘Justice of tolerance’, which operates as a corollary of his thoughts on the matter.
O conceito de Justiça encontra-se no centro das discussões atuais da filosofia política. Hans Kelsen, talvez o jurista mais importante do século XX, trabalhou o conceito desde perspectivas que hoje permanecem desatendidas. A pouca atenção que tem recebido o conceito relativista da justiça sustentado por Kelsen tende a empobrecer as discussões sobre a Justiça de hoje. É por esta razão que é empreendida aqui a releitura da obra de Kelsen em torno do conceito mencionado. Assim, serão mostrados alguns erros na sua argumentação, não atribuíveis naturalmente a sua incapacidade, mas a seu empenho em refutar as concepções de Justiça que criticou -e que neste artigo chamaremos de ‘as justiças impossíveis’-. Será revisada, em particular, a dificuldade da sua argumentação em relação a Platão e se dará uma atenção especial a algumas implicações contraditórias do conceito de ‘Justiça da tolerância’, que opera como corolário de seus pensamentos sobre o assunto.
