Viviane Borelli, Marlon Santa Maria Dias
This paper analyzes the narrative construction of rape reports published in the Fênix Project Facebook page. The main objective is to reflect on how public and private categories are stressed in these reports, and to identify evidences of how this practice of reporting the abuses suffered is effective in digital social networks and creates a counselling network, providing the digital space with contours of a public sphere. Therefore, the discussion arises from a theoretical outlook on the public / private dichotomy from a feminist perspective (Okin, 2008; Aboim, 2012), defending the crossing of a gender issue in the correlation between these two concepts. This discussion provides a basis for understanding the ways in which the public space is structured and the possibilities of thinking digital environments as a public space, considering the way they have been historically consolidated as places of discussion, struggle and articulation. In the final part of this study, enunciations extracted from rape victims' narratives are examined through a semiotic analysis (Verón, 2005)
Analisa-se a construção narrativa de relatos de estupro publicados na página Projeto Fênix, no Facebook. O objetivo central é refletir sobre o modo como as categorias público e privado são tensionadas nesses relatos, bem como apontar indícios de como essa prática de relatar os abusos sofridos se efetiva nas redes sociais digitais e cria uma rede de aconselhamento, dando contornos de esfera pública a esse espaço digital. Para tanto, parte-se de uma discussão teórica sobre a dicotomia público/privado, a partir de uma perspectiva feminista (Okin, 2008; Aboim, 2012) que defende o atravessamento de uma questão de gênero na correlação entre esses dois conceitos. Essa discussão dá base para compreender como se estrutura o espaço público e as possibilidades de se pensar os ambientes digitais enquanto espaço público, a partir da forma como historicamente esses ambientes vêm se consolidando como lugares de discussão, embate e articulação de lutas. Na última parte, são analisados enunciados extraídos de narrativas das vítimas de estupro por meio da análise semiológica (Verón, 2005).