Marcos Chor Maio
The article addresses anthropologist Thales de Azevedo’s participation in the early 1950s cycle of research on race relations in Brazil sponsored by UNESCO, particularly the studies behind his book As Elites de Cor: um estudo de ascensão social.
In Azevedo’s book, the process of modernization, challenges to tradition, and the dynamics of social mobility in Bahia society are framed as potential triggers of racial conflict. This perspective stands in contrast with the positive view of alleged harmonious racial coexistence that the author voices in these same pages. After first examining Azevedo’s shift from social scientist of social medicine to anthropology, the article explores the context in which he conducted his study and analyses As Elites de Cor. While it is often held that the aim of the UNESCO race relations project was to show that Brazil represented a kind of racial paradise, Azevedo’s socio- -anthropological study made it clear that, right from the outset of the research, the international agency was interested in probing Brazil’s social and racial inequalities.
UNESCO faced the important challenge of investigating the social mobility dynamics concerning persons of color in order to elucidate racial asymmetries.
Este artigo tem por objetivo abordar a participação de Thales de Azevedo no ciclo de pesquisas sobre as relações raciais no Brasil, patrocinado pela UNES- CO no início da década de 1950, e, sobretudo, abordar sua investigação que resultou no livro As Elites de Cor: um estudo de ascensão social. Em seu estu- do, o processo de modernização da sociedade baiana, os desafios à tradição e a dinâmica da mobilidade social são concebidos como potenciais geradores de conflito racial. Esses resultados revelam uma densa pesquisa socioantro- pológica das relações entre negros, mulatos e brancos em Salvador, ainda que, por vezes, coloquem em tensão as linhas interpretativas mais gerais de seu trabalho sobre a alegada convivência racial harmônica. Inicialmente o artigo versa sobre a trajetória de Thales de Azevedo da medicina social à antropolo- gia. A segunda parte do texto se atém ao contexto de produção da investigação e a análise de “As Elites de Cor”. Diferente da visão comumente aceita de que a intenção do projeto UNESCO de relações raciais era demonstrar que o Bra- sil representava uma espécie de paraíso racial, o estudo socioantropológico de Thales de Azevedo evidencia que, desde o início do ciclo de pesquisas da UNESCO, houve um interesse da instituição em abordar as desigualdades sociorraciais no Brasil. A investigação da dinâmica da ascensão social das pessoas de cor foi um importante desafio assumido pela agência internacional para tornar inteligíveis as assimetrias raciais.