Hoje, falar de ‘democracia’ é natural e instintivo. Devemos por isso concordar com Tocqueville sobre a tendência natural e irreversível da história, no sentido de uma sociedade cada vez mais igual e democrática. Mas se Tocqueville tinha como preocupação perceber o que constituía o ‘homem democrático’ e como a democracia transformava, em última análise, a própria natureza humana, hoje, torna-se pertinente repensar o que significa ser democrático. O objectivo deste artigo é lançar um olhar sobre as condições da democracia e seus ideais fundadores de igualdade e liberdade e perceber como o Tocqueville nos oferece respostas para problemas contemporâneos.
Hoje, falar de ‘democracia’ é natural e instintivo. Somos naturalmente democratas, por nascimento e herança ou por conversão. Somos por isso forçados a concordar com Tocqueville sobre a tendência natural e irreversível da história, no sentido de uma sociedade cada vez mais igual e democrática. Mas se Tocqueville tinha como preocupação perceber o que constituía o ‘homem democrático’ e como a democracia transformava, em última análise, a própria natureza humana, hoje, torna-se pertinente repensar o que significa ser democrático. Se a democracia transforma as nossas vidas, o que mudou na democracia entre a altura em que Tocqueville escreveu e hoje? São os perigos por ele denunciados os mesmos, ou há novos perigos para os quais nos devemos preparar? O objectivo deste artigo é lançar um olhar sobre as condições da democracia e seus ideais fundadores de igualdade e liberdade, e perceber como o Tocqueville nos oferece respostas para problemas contemporâneos.
Today, to speak of democracy is natural and instinctive. We are naturally democrats, by birth or heritage. Therefore, we are forced to agree with Tocqueville regarding the natural and irreversible historical tendency and human development towards a more equal and democratic society. Tocqueville’s concern was to understand what constitutes the “democratic man” and how democracy transforms human nature. Today, given that our nature is already transformed, it seems pertinent to understand what does it mean to be democratic, and what does it mean to live in democracy. If democracy transforms, in an irreversible manner, our lives, thoughts and ways of seeing and projecting the world, what changed since Tocqueville’s time? Are the dangers Tocqueville denounced still the same, or should we prepare ourselves to deal with new ones new dangers that we should prepare ourselves to? What is the impact of democratization in the world and human nature? The goal of this paper is to look into actual democratic conditions, especially in its tense relationship between equality and liberty, and to understand how Tocqueville provides answers to contemporary challenges.