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Lucia Rabello de Castro
As questões de saúde, educação e cidadania que preocupam os profissionais que atuam na área da infância e da adolescência lançam indagações sobre os objetivos de suas práticas, ou ainda mais radicalmente, sobre a legitimidade de suas ações. Por quem falam? De que maneira se legitimam nas posições de falar em favor ou pela criança e pelo jovem? Diferentemente de outras posições de sujeito, a criança e o jovem têm, em geral, de ser traduzidos nas suas demandas dentro das sociedades modernas. Tal tradução exige que se representem os atores sociais - criança e jovem de um ponto de vista exterior a eles. Segue-se o truÃsmo, rememorando as palavras de Edward Said sobre o Oriente, de que "se a criança/ o jovem pudessem representar a si mesmos, eles o fariam; visto que não podem, a representação cumpre essa tarefa para o adulto e também para a criança/jovem'. No entanto, a tradução, nesse caso, coloca problemas especÃficos, principalmente, os de ordem polÃtica: a perspectiva societária centrada sobre um ponto de vista, o do adulto, domina, molda e recorta o escopo de direções e valores possÃveis da convivência social
