Neste texto tematizo e problematizo a narração dos sofrimentos das mulheres que emergem das entrevistas em profundidade realizadas em 2008 e 2009 em Maputo, Moçambique e Díli, Timor-Leste, para discutir três questões: em primeiro lugar, perceber algumas peculiaridades e semelhanças das experiências de mulheres nas guerras em Moçambique e Timor-Leste através das suas narrações; em segundo lugar, analisar como essa narração dos sofrimentos se transfigura num valor político e numa alavanca de reconhecimento público e legitimidade para decidir e governar ou, pelo contrário, é percebida como improdutiva e negligenciada; por fim, procuro mostrar que há mais valentias numa imaginação nacionalista pluriversa do que nas dos heróis viris e narcísicos.