Renato Miguel do Carmo
Este artigo visa estabelecer uma reflexão crítica sobre um conjunto de dinâmicas recentes que temos estudado em espaços considerados periféricos e predominantemente rurais. Habitualmente designados como territórios de baixa densidade, estas zonas padecem de graves problemas demográficos (despovoamento, envelhecimento, etc.) e socioeconómicos (falta de emprego, reduzida iniciativa privada e pública, desmantelamento das funções tradicionais, etc.), que contribuem conjuntamente para uma acelerada marginalização relativamente aos processos de modernização que se desenvolvem nas grandes cidades. No entanto, apesar de serem territórios em perda, observam-se, ao mesmo tempo, outras densidades menos tangíveis que refletem algum dinamismo social dos seus residentes, como é o caso da capacidade acrescida de mobilidade espacial. Tendo por base uma análise relacional entre as zonas rurais e as cidades, propomos desenvolver uma perspetiva sociológica que articule três dimensões fundamentais: as desigualdades sociais, as dinâmicas territoriais e as lógicas de acesso aos mercados e/ou exclusão destes.