Gonçalo Canto Moniz
A regulamentação da reforma do ensino da arquitectura em 1957 inicia um processo de transformações sucessivas no quotidiano dos cursos de arquitectura que irá culminar com uma crise no ano de 1969.
Ao longo de uma década de funcionamento, a nova orgânica proposta pela reforma não conseguiu, na sua globalidade, introduzir uma nova pedagogia nem democratizar o funcionamento das escolas, ficando refém do autoritarismo do Ministério da Educação. No entanto, a sua rigidez científica e administrativa estimulou professores e alunos a desenvolver estratégias, quer de projecto, quer de reflexão e debate, que procuraram promover a função social do arquitecto atento aos problemas da sociedade e da cidade, por oposição ao arquitecto tecnocrático.
Nos anos de 1968 e 1969 as duas escolas, tal como a universidade e a sociedade, politizam o seu discurso. Os estudantes e os professores reivindicam abertamente alterações profundas na gestão da escola, nos métodos pedagógicos e nos objectivos do ensino, exigindo a reforma da Reforma de 57.
Este texto aborda os momentos críticos deste processo de consciencialização política e social dos estudantes, que procura recolocar o papel da Escola no debate sobre a formação e sobre a profissão de arquitecto. No final de 1969 as escolas de arquitectura estão em crise, porque a universidade está em crise, mas também porque a profissão está crise.