O "terrorista islâmico" e os imigrantes e minorias muçulmanas culturalmente "inassimiláveis" representam as duas faces da visao do Islao como "o problema do século XXI" que domina o debate público contemporâneo e a formulaçao das políticas de Estado nacionais e internacionais nas sociedades occidentais. A natureza das representaçoes, mais ou menos essencialistas, que informam e deformam estes debates varia consoante os contextos em virtude da relaçao histórica, em regra colonial, de cada naçao com o Islao, das instituiçoes e saberes vocacionados para o seu estudo, e da composiçao, perfil e peso das comunidades muçulmanas em cada sociedade. Mas a lógica identitária e securitária que configura o discurso do Islao como problema reproduz, redefinidos agora como problemas do multiculturalismo, da governaçao, da tolerância e da segurança, as mesmas preocupaçoes identitárias e securitárias geradas no contexto colonial. Este artigo apela a uma abordagem desconstrutiva do Islao através da leitura crítica do discurso português.