Augusto Jobim do Amaral 
, Pablo Ornelas Rosa
, Jesús Sabariego
A partir de la investigación realizada por Éric Sadin sobre la llamada silicolonización del mundo, este artículo propone un análisis de la influencia de la racionalidad neoliberal estadounidense que potencializó el discurso emprendedor de Silicon Valley, nacido en la década de 1970 a partir de un sesgo contracultural y que se adhirió progresivamente a una perspectiva conservadora tratada por Nancy Fraser como reaccionarismo neoliberal. Esta racionalidad fue conquistando un espacio cada vez más significativo en la política internacional, lo que ha permitido que la extrema derecha vuelva al poder en varios países en el siglo XXI, con la ayuda de las plataformas digitales. En Brasil, surge el tecnoconservadurismo construido por Olavo de Carvalho que, desde finales de la década de 1990, comenzó a articular segmentos difusos de la extrema derecha alcanzando una enorme visibilidad e influencia en la opinión pública, sobre todo, por medio de la emergencia de las plataformas digitales y de un mercado editorial destinado a legitimar su discurso, mediante la traducción, publicación y difusión de libros que son utilizados como armas en la guerra cultural. El texto, anclado en una perspectiva genealógica foucaultiana, se organiza en dos secciones: en la primera, se presenta una genealogía de los discursos producidos en Silicon Valley y sus distintos momentos históricos identificando las fuerzas que estaban en disputa en esa época; en la segunda, se exponen las bases que sustentan el tecnoconservadurismo brasileño, no solo evidenciando su relación con la extrema derecha internacional, sino también presentando una cartografía compuesta por sujetos, grupos y empresas que se reconocen como conservadores. La investigación es resultado de esfuerzos destinados a comprender la articulación de la extrema derecha brasileña con la derecha radical y ultrarradical de otros países, y pone de presente su relación con las plataformas digitales y sus modelos de negocio.
Drawing on Éric Sadin’s research on the so-called “silicolonization of the world,” this article analyzes the influence of U.S. neoliberal rationality, which amplified Silicon Valley’s entrepreneurial discourse. Originating in the 1970s with a countercultural bent, this discourse gradually aligned with the conservative perspective that Nancy Fraser describes as neoliberal reactionism. This rationality has gained growing prominence in international politics, enabling the far right to return to power in several countries in the 21st century, aided by digital platforms. In Brazil, technoconservatism emerged through the work of Olavo de Carvalho who, beginning in the late 1990s, mobilized diffuse segments of the far right and achieved significant visibility and influence in public opinion. This influence expanded especially through the rise of digital platforms and a publishing market dedicated to legitimizing his discourse by translating, publishing, and disseminating books used as weapons in the cultural war. Anchored in a Foucauldian genealogical perspective, the article is organized into two sections. The first offers a genealogy of the discourses produced in Silicon Valley and their historical moments, identifying the forces at play. The second outlines the foundations of Brazilian technoconservatism, showing not only its connections with the international far right but also mapping the individuals, groups, and companies that identify as conservative. The study reflects efforts to understand how the Brazilian far right is articulated with the radical and ultra-radical right abroad, while also underscoring its ties to digital platforms and their business models.
Com base na pesquisa realizada por Éric Sadin acerca da chamada “silicolonização do mundo”, este artigo propõe uma análise sobre a influência da racionalidade neoliberal estadunidense que potencializou o discurso empreendedor do Vale do Silício, nascido em 1970, a partir de um viés contracultural, que aderiu paulatinamente uma perspectiva conservadora, tratada por Nancy Fraser como reacionarismo neoliberal. Essa racionalidade foi conquistando um espaço cada vez mais significativo na política internacional, possibilitando que a extrema direita voltasse ao poder em diversos países no século 21, com o auxílio das plataformas digitais. No Brasil, emerge o tecnoconservadorismo construído por Olavo de Carvalho, que, desde o final da década de 1990, passou a articular segmentos difusos da extrema direita, alcançando uma enorme visibilidade e influência na opinião pública, sobretudo por meio da emergência das plataformas digitais e de um mercado editorial destinado a legitimar o seu discurso, por meio da tradução, publicação e difusão de livros que são utilizados como armas na guerra cultural. O texto, ancorado em uma perspectiva genealógica foucaultiana, está organizado em duas seções: na primeira, é apresentada uma genealogia dos discursos produzidos no Vale do Silício e seus distintos momentos históricos, identificando as forças que se encontravam em disputa à época; na segunda, são expostas as bases que sustentam o tecnoconservadorismo brasileiro, não apenas evidenciando sua relação com a extrema direita internacional, mas também apresentando uma cartografia composta por sujeitos, grupos e empresas que se reconhecem como conservadores. A investigação apresentada decorre de esforços destinados a compreender a articulação da extrema direita brasileira com a direita radical e ultrarradical de outros demais países, evidenciando sua relação com as plataformas digitais e seus modelos de negócio.