La palabra “crisis” forma parte del vocabulario contemporáneo y se encuentra en el centro de una creciente literatura en ciencias sociales, a veces acompañada del término correlativo “crítica”. El binomio crisis y crítica apunta a una tensión entre, por un lado, el uso de “crisis” como dispositivo discursivo que justifica intervenciones de grupos poderosos, reforzando patrones de desigualdad y jerarquías, y, por otro, como herramienta analítica para describir y “criticar” aspectos objetivos de la realidad histórica. Además, la crisis a veces aparece como descriptor de acontecimientos a gran escala (crisis económicas, políticas e institucionales), a veces vinculada a acontecimientos más íntimos (crisis existenciales, de la mediana edad o de salud), a veces como ocasión para la crítica sociológica, a veces como objeto de dicha crítica. En este artículo, analizo y delimito el concepto de crisis en una sociología de los problemas y las problematizaciones. Para ello, me centro en la vida cotidiana como el lugar concreto donde confluyen los aspectos macro y micro, objetivos y subjetivos de las crisis, en un gradiente de problematizaciones. Finalmente, defiendo la sociología como ejercicio crítico de traducción imaginativa.
The word “crisis” is part of the vocabulary of the contemporary world and is at the center of a growing literature in the Social Sciences, sometimes accompanied by the correlative “critique”. The binomial crisis and critique points to a tension between, on the one hand, the use of “crisis” as a discursive device that justifies interventions by powerful groups, reinforcing patterns of inequality and hierarchies, and on the other hand, as an analytical tool to describe and “critique” objective aspects of historical reality. In addition, crisis sometimes appears as a descriptor of large-scale events (economic, political and institutional crises), sometimes linked to more intimate events (existential, mid-life or health crises), sometimes as an occasion for sociological criticism, sometimes as the object of that criticism. In this article, I discuss and delimit the concept of crisis in a sociology of problems and problematizations. To this end, I focus on everyday life as the concrete place where macro and micro, objective and subjective aspects of crises come together in a gradient of problematizations. Finally, I argue in favor of sociology as a critical exercise in imaginative translation.
A palavra “crise” é parte do vocabulário do mundo contemporâneo e está no centro de uma literatura em crescimento nas ciências sociais, acompanhada por vezes da correlata “crítica”. O binômio crise e crítica aponta uma tensão entre, por um lado, o uso da “crise” como dispositivo discursivo que justifica intervenções de grupos poderosos, reforçando padrões de desigualdade e hierarquias, e, por outro lado, como ferramenta analítica para descrever e “criticar” aspectos objetivos da realidade histórica. Ademais, a crise ora aparece como descritor de eventos de larga escala (crises econômicas, políticas e das instituições), ora atada a eventos de cunho mais íntimo (crises existenciais, de meia idade ou de saúde), ora como ocasião para a crítica sociológica, ora como objeto dessa crítica. Neste artigo, discuto e delimito o conceito de crise em uma sociologia dos problemas e das problematizações. Para esse fim, aposto na vida cotidiana como lugar concreto do encadeamento entre aspectos macro e micro, objetivos e subjetivos das crises, em um gradiente de problematizações. Por fim, argumento em favor da sociologia como exercício crítico de tradução imaginativa.