Este artículo, en forma de relato de experiencia, analiza los desafíos metodológicos y epistemológicos de la sociología en contextos de transición energética, a partir de un trabajo de campo realizado en septiembre de 2024 en el Valle de Jequitinhonha (MG), región conocida actualmente como el “Valle del Litio”. Motivada por una inquietud por la marginación de la sociología en los debates energéticos, a menudo dominados por la lógica técnica y el conocimiento especializado, planteo la hipótesis de que los enfoques sociológicos tradicionales, al compartimentar las dimensiones sociales y técnicas, están en crisis ante la velocidad, la tecnicidad y las disputas territoriales que caracterizan la transición energética contemporánea. Para explorar las tensiones entre la teoría y la práctica, utilicé herramientas de investigación como mapas geolocalizados, fotografías y cuadernos de campo, que respaldaron una reflexión crítica sobre la rutina diaria del trabajo empírico. Tomando el litio como perspectiva analítica, argumento que la transición energética, lejos de ser un proceso puramente técnico, materializa disputas simbólicas, territoriales y geopolíticas, lo que requiere de la sociología desarrollar herramientas capaces de interactuar con el conocimiento técnico sin sacrificar su profundidad analítica. Concluyo que, especialmente en contextos periféricos como Brasil, la crisis de la sociología puede convertirse en una oportunidad para una renovación crítica mediante prácticas interdisciplinarias y situadas, o incluso una postura antedisciplinaria, como sugiere Sean Eddy, capaz de articular lo social, lo técnico y lo político, confrontando las paradojas de la transición energética a múltiples escalas.
This article, written as a fieldwork-based experience report, analyzes the methodological and epistemological challenges faced by sociology in contexts of energy transition, drawing on fieldwork conducted in September 2024 in the Jequitinhonha Valley (MG), a region now promoted as the “Lithium Valley.” Motivated by concerns about the marginalization of sociology in energy debates, often dominated by technical rationales and specialized knowledge, I hypothesize that traditional sociological approaches, by compartmentalizing the social and the technical, face a crisis in light of the speed, technical complexity, and territorial disputes that characterize the contemporary energy transition. To explore the tensions between theory and practice, I employed research tools such as geolocated maps, photographs, and a field notebook, which supported a critical reflection on the everyday dimensions of empirical work. Taking lithium as an analytical lens, I argue that the energy transition, far from being a purely technical process, materializes symbolic, territorial, and geopolitical disputes, requiring sociology to develop tools capable of engaging with technical knowledge without losing its analytical depth. I conclude that, particularly in peripheral contexts such as Brazil, the crisis of sociology can become an opportunity for critical renewal through interdisciplinary and situated practices, or even through an “antedisciplinary” posture, as proposed by Sean Eddy, capable of articulating the social, the technical, and the political, and of addressing the paradoxes of the energy transition across multiple scales.
Este artigo, em formato de relato de experiência, analisa os desafios metodológicos e epistemológicos da sociologia em contextos de transição energética, com base em trabalho de campo realizado em setembro de 2024 no Vale do Jequitinhonha (MG), região hoje promovida como “Vale do Lítio”. Motivada pela inquietação diante da marginalização da sociologia em debates sobre energia, frequentemente capturados por lógicas técnicas e saberes especializados, parto da hipótese de que as abordagens sociológicas tradicionais, ao compartimentalizarem as dimensões social e técnica, entram em crise diante da velocidade, tecnicidade e disputas territoriais que marcam a transição energética contemporânea. Para explorar as tensões entre teoria e prática, utilizei instrumentos de pesquisa como mapas geolocalizados, fotografias e caderno de campo, que sustentaram uma reflexão crítica sobre o cotidiano do trabalho empírico. Tomando o lítio como lente analítica, argumento que a transição energética, longe de ser um processo puramente técnico, materializa disputas simbólicas, territoriais e geopolíticas, exigindo da sociologia ferramentas capazes de dialogar com saberes técnicos sem abrir mão de sua densidade analítica. Concluo que, sobretudo em contextos periféricos como o brasileiro, a crise da sociologia pode converter‑se em oportunidade de renovação crítica, por meio de práticas interdisciplinares e situadas, ou mesmo de uma postura antedisciplinar, como sugere Sean Eddy, capazes de articular o social, o técnico e o político, enfrentando os paradoxos da transição energética em múltiplas escalas.